O NOVELO

O NOVELO

30/11/2012

Era um fio formado por uma trama de outros fios. No início peguei a ponta e bastava puxá-la para que o novelo em rodopios e saltos “acrobáticos” se desfizesse. Quando o novelo chegava a metade do seu tamanho original, sem que nem porque, após um puxar, saltou do chão e veio bater em minhas mãos. Peguei-o e abrindo daqui e dali, achei o enrosco e o desfiz com um pouco de esforço. Continuei na missão de puxar o fio e pouco tempo passado do primeiro enrosco vem o segundo. Novamente pego o novelo nas mãos e com maior dificuldade vejo que este enrosco aconteceu ainda por causa do primeiro, ou seja, quando tentava libertar o fio no abrir daqui e dali fiz com que o entrecruzar no novelo alterasse seu posicionamento. Pouco conseguia desfazer para um novo enrosco ocorrer. Com dificuldade pelos sucessivos enroscos, vagarosamente desfiz o novelo até encontrar a outra ponta. Pela preocupação de libertar o fio que teimara em se enroscar continuamente, descuidei-me de controlar o fio que desenrolara e que jazia no chão sem nenhuma ordem. Pego então de um pedaço de madeira, um compensado de 15 cm por 10 e, em suas duas extremidades mais finas serro um V e bem no centro deste pedaço de madeira, faço um pequeno furo. Busco a última ponta do fio e passo por este furo dando um nó para que não se soltasse. Pacientemente volto a refazer o novelo sabendo que será uma longa jornada em que terei que desfazer alguns nós no fio que se embaralha pelo chão, mas que quando concluir o novo novelo não haverá outros enroscos.

Geraldo Cerqueira