O burro e o patrão!

Era um jovem que acabara de concluir o ensino médio. No entanto, sem nenhuma perspectiva de vida. Um pobre órfão de pai e mãe que morava de favor na casa de uma avó de criação.

Desempregado e sem nenhuma experiência, optou por estudar acreditando estar no caminho certo. Mas a pressão da pobreza lhe obrigava a deixar seus sonhos de lado e encarar a realidade. Fora uma vitória ter concluído o ensino médio, tendo vivido no meio de tanta miséria e violência. No âmago de sua alma desejava fazer uma faculdade. Porém, não havia ninguém que pudesse ajudá-lo. Sua avó mal conseguia o que comer. Foi então que ele decidiu procurar emprego. Qualquer um que pudesse diminuir sua frustração. Foi ser embalador em um supermercado, mas não deu certo. Tentou lavar carros em um posto de gasolina, em vão! Apesar de responsável, algumas situações em que se confrontava eram inadmissíveis para ele. Muito se explorava e pouco se pagava. Assim é a vida de quem não tem opção de escolha.

Certo dia, no meio dessa peregrinação, descobriu que seu irmão trabalhava como frentista há um bom tempo. Então, procurou por ele na esperança de que conseguisse uma vaga no posto de gasolina em que trabalhava. E foi ali que teve sua maior decepção. Apesar de seu irmão ter conseguido o emprego para ele, isso não lhe dava nenhuma garantia de permanência.

No primeiro e único dia de trabalho ele estava empolgado. Vestiu o uniforme e foi para pista. E o que era de hábito dos funcionários mais velhos, colocaram o novato para mostrar serviço. O pobre jovem ainda não abastecia os carros. Apenas limpava os pára-brisas. Um serviço que parecia simples e fácil de ser executado. Não era preciso ter um “doutorado” para desempenhar aquela função. No entanto, não era isso que o dono do posto achava. E quando ele chegou foi aquela correria. Todo mundo queria mostrar serviço. O jovem recém-contratado até ficou sem ter o que fazer por alguns instantes. Ninguém havia dito, mas o patrão era o “cão chupando manga”. Tratava seus funcionários como animais. Qualquer deslize que cometessem era chamado à atenção na frente de qualquer um. Não havia cerimônia para isso.

O jovem então, passou por aquela triste experiência. E muitos dos funcionários que ali estavam, aguardavam ansiosos aquele momento. O palco montado para o grande espetáculo. Um empresário bem sucedido, mas infeliz! Foi o que o jovem percebeu quando o viu pela primeira vez.

Tudo aconteceu quando, ao limpar o pára-brisa do carro de um cliente, o patrão que observava à distância veio em sua direção e sem nenhuma delicadeza arrancou o pequeno instrumento de trabalho das mãos do rapaz e gritou bem alto para que o mundo todo ouvisse. - Burro! Presta atenção! É assim que se faz! - E mostrou como se passava o rodo no pára-brisa do carro. Então, devolveu-lhe o rodo e pediu que fizesse, para que ele pudesse conferir. E foram alguns minutos de desconforto e humilhação para ganhar uma quantia ridícula no fim do mês. Todos os funcionários que presenciaram o fato caíram na gargalhada. Pobres infelizes e ignorantes. O pobre coitado do jovem, então pediu para ir ao banheiro e nunca mais retornou àquele lugar. Ele não podia fazer nada. Mesmo porque, seu irmão trabalhava ali, mas era o seu dia de folga.

Resolveu então fazer um curso de garçom. Antes mesmo de terminar já estava empregado. Chegou a passar por outra situação semelhante. Porém, resistiu até o término de sua faculdade. Sim! Lá estava o jovem guerreiro carregando seus sonhos em uma bandeja até a madrugada e de manhã, bem cedo a caminho da faculdade para realizar seu sonho e mudar sua realidade.

Depois de alguns anos aquele jovem, já adulto, passa quase todos os dias em frente àquele posto, indo trabalhar em uma escola como “Professor” formado e pós-graduado. Trabalhando menos e ganhando mais... Dignidade! O burro aprendeu e agora é professor!