QUIETUDE

A tarde está muito quente.

Um calor abafado, quase insuportável.

Debaixo das mangueiras, os mosquitos em seu voo, parecem brincar de pega-pega. Também na rua o silêncio é muitas vezes quebrados pelos automóveis que desfilam com seus motoristas alheios ao meu mundo.

Ninguém imagina que por detrás do muro cinza a solidão impera. Não se ouve diálogos, não se ouve risos, apenas o silêncio sepulcral, mortal.

Diante de alguns artigos didáticos, tento me distrair, ou concentra, a mente " a República bate às portas" e "Monarquia perde força com a Lei Áurea", tudo tão distante mas com sequelas tão presentes.

Leio um pouco, canso, deixo-me estar quieta como tudo está quieto a minha volta. Nessa quietude só minha mente inquieta faz alarde: xinga, briga, amaldiçoa, excomunga e depois também se aquieta. Assim são os dias longos, assim são as tardes quentes, assim as noites solitárias, noites de insônia sem fim.

Tina Rosa
Enviado por Tina Rosa em 04/12/2012
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