É CAÔ

Entre o mundo real e o virtual há mais ou menos verdades do que supõe a nossa vã imaginação e nos surpreende a mais inusitada tecnologia.

Os meios de comunicação de que dispomos atendem às necessidades mais urgentes, como também às desnecessárias e inoportunas. O avanço tecnológico facilitou a vida em todos os aspectos, especialmente no campo da pesquisa científica, na aproximação dos povos, na globalização para a qual não há fronteiras. A internet derrubou todas as muralhas.

Mas, para toda essa revolução, não se preparou a humanidade. Dela, a rapidez do pensamento não alcançou a velocidade tecnológica. Por esta razão as barreiras do mundo real são ultrapassadas pelo mundo virtual sem limites. Aí se confundem demarcações entre liberdade e privacidade, ambas expostas às câmeras do monitoramento. Ou porque a ele deliberadamente nos expomos, ou porque os atalhos e senhas, e todos os mecanismos de proteção sejam precários ante a ousadia dos mal intencionados. Para estes, então, todo cuidado é pouco. Aos que dependem por completo da internet e sem a parafernália eletrônica já não vivem, danem-se. Dou como exemplo o celular, cada vez menos utilizado para se ouvir alguém via ligação, mas sistematicamente como um veículo de mensagens codificadas, como câmera fotográfica ou filmadora. Tudo isso é bom, útil, necessário, oportuno e prático. Mas tudo nos devidos limites do usuário, já que os aparelhos eletrônicos não os têm. A tecnologia está a serviço do homem, sem que dela ele se torne refém. Se todos se refugiarem no mundo virtual, o mundo real já não terá sentido e nem a máquina, por si só.

Comecei este texto titulando-o com uma expressão não usual na minha linguagem: CAÔ. Mas aqui ela se apropria como a mais completa tradução do irreal, para o qual a virtualidade dos sites e das redes sociais é vulnerável. A tecnologia é uma verdade matemática. Usuários dela, em inimaginável quantidade, é que nem sempre são verdadeiros. Então, pagam os justos pelos injustos quando surge um caso concreto à sombra da dúvida em que a ausência de prova pressupõe, entre os suspeitos, a também suposta vítima.

Um caso concreto, do mundo real, serve de alerta ao mundo virtual: em Brasília, uma psicóloga de 33 anos, apresentou-se à delegacia alegando-se vítima de sequestro.  Com hematomas no rosto, fora encontrada no próprio carro, com escoriações nos braços e pernas, e todos os indícios do que expôs ao delegado.

Procedidas as investigações, no interrogatório a psicóloga caiu em contradição, o que lhe motivou suspeitas. Não suportando a pressão do interrogatório a mulher abriu o jogo. Confessou haver simulado um sequestro para ocultar as agressões de que fora vítima por parte do ex marido. De fato, ela forjou o próprio sequestro. É pensar que essa mulher fez mobilizar todo um aparato policial militar, civil, e também o judiciário. Foi tudo caô. A caozeira de indiciante passou a indiciada, de vítima a ré. E, com esse caô, causou.
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Veja reportagem>
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2012/11/mulher-do-df-simula-sequestro-para-esconder-agressao-de-ex-marido.html
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 09/12/2012
Reeditado em 09/12/2012
Código do texto: T4027271
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