Tempo & Eu

Para quem conhece minha história há algum tempo, vai estranhar, um pouco, eu afirmar que segui convenções demais. Fui certinho, demais! Comportei-me demais... Tenho esta análise, hoje. Poderia e deveria ter feito muito mais. Muito mais, mesmo. Estou convicto de que me controlei, em demasia. Fui agradável, em excesso. Sufoquei impulsos relevantes, que levaram pedaços de mim. Partes, estas, obviamente, que me fazem relativa falta, na atualidade.

Talvez, por isso, tenha esta desavença com o tempo. Nunca estamos no mesmo plano. Raramente, nossa velocidade coincide. Consequentemente, nosso sincronismo é, praticamente, inexistente. Um vive atropelando o outro. Feito dois moleques brincando na areia... Empelotamo-nos, quase que, diariamente!!!

Para mim, ele é doido. Uma hora para. Esquece de cumprir seu trabalho! Em outro momento dispara, que você mal percebe sua passagem. Que tipinho bipolar!!! Vivo me recuperando dessas novas desavenças...

E o tempo das pessoas, então?! Misericórdia! Nunca tive o prazer de ter ao meu lado, alguém com o mesmo tempo meu. Nunca! Que sorte, a do planeta!!!! Mas, enfim, sei que não posso servir de parâmetro, mas, precisavam ser tão abissais as diferenças?!

Voltando ao que deixei passar, digo tal, porque hoje, minha alegria, minha realização como escritor, vem, exatamente, de quase tudo aquilo que sufoquei, que reprimi, que concordei, discordando, internamente. Tudo aquilo que não rejeitei, muito embora deveria ter denunciado!!! Eis a razão de eu dizer que, agora, reconheço claramente, em mim, os ideais de menino. São exatamente os mesmos do poeta. Entre os dois, existiu uma criatura, complicada, disforme, gorducha, alcoolizada, fragilíssima... Foi jogada de lá pra cá, pela sua própria, e insana carência.

Como estava fora de minha praia, cometi erros cinematográficos. Fui, até então, meu fiel inimigo. Tentei a todo custo ser aceito pelo inaceitável. Para minha sorte, ele só fez engrossar minha lista de rejeições, inaugurada, cruelmente, quando eu tinha uma semana de vida e a mulher que me gerou, deu-me à adoção. Parece que foi uma marca a ferro que aquela infeliz me deu. Uma sentença que chegou antes de mim, aos lugares, fraudando-me a imagem. Obrigando-me a papéis inconcebíveis.

Posso dizer que boa parte de toda esta tragédia foi recuperada pela poesia, heroicamente, bravamente. A ponto de eu inverter a polaridade: sair do coitadinho de mim, para acabar sendo apelidado de “Embaixador da Alegria”, entre outros títulos que meus amigos, poetas, leitores me deram, sempre se referindo à sensibilidade, à paixão pelo planeta, pela luminosidade. O meu transparente amor pela vida!

O original completo no end. abaixo:

http://claudiopoetaitacare.blogspot.com.br/2012/12/tempo-eu.html

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 13/12/2012
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