LONGE NÃO EXISTE

Moro num interior onde quase nada há para se fazer depois que as obrigações com trabalho, tarefas domésticas e compromissos comunitários terminam. Chegam o final do dia, o final da semana e pouco resta para distração e lazer.

Num lugar em que a temperatura é elevada, a ausência de nuvens e mais ainda de chuvas fazem com que água fria seja ânsia de alma! Quando não tenho essa iguaria à disposição, envolvo-me por livros, violão, papéis, tesoura, recortes, cola... E de amigos. Virtuais.

A maioria deles nem sabe que eu existo e, ainda assim, chamo-os amigos: leio-os e com eles me divirto, aprendo, rio ou choro, tomo lições de vida ora duras ora singelas, com eles compartilho amor, dor, sentimentos e emoções. Descobri que esses amigos tornam-se muitas vezes parceiros, mães e pais que me pegam no colo, outras mestres e ainda, mistérios, dúvidas, curiosidade e grande vontade de realidade. Sinto falta se não os "vejo" constantemente, dá vontade de saber como vão, onde estão e a quantas anda o pensar de cada um! (Como se isso fosse um direito meu! Quanta prentensão a minha...)

Deve ser por isso que meu coração sempre tem a sensação de que vai explodir a qualquer momento. Talvez por isso mesmo eu queira o longe, o lugar que não existe.