No Embalo de Dom João VI

“O Brasil samba que dá, bamboleio que faz gingar, o Brasil do meu amor, terra de nosso senhor...” Inicio o texto desse mês, ou melhor, o nosso bate-papo com um nacionalismo extremamente surreal para os tempos que vivemos. Corrupção, crises, violência, drogas, não são novidade. Abordados com frequência pela mídia, esses assuntos tornaram-se corriqueiros, permeando o nosso dia-a-dia e nos fazendo reféns desse meio torpe no qual estamos inseridos.

Falar não basta, também não é de “blablablá” e muito menos com teorias que se muda alguma coisa. Prefiro nomear isto que estão lendo como um apelo. Um apelo sem piegas, mas baseado em fatos. O Brasil é um território rico em recursos hídricos e naturais, talvez seja por isso que tenha tanta relevância internacionalmente. Com o passar dos séculos essa ex-colônia portuguesa ganhou destaque. Hoje membro dos BRICs e de tantos outros assuntos, adquiriu um papel de relevância, pleiteando até uma vaga no Conselho de Segurança premante da ONU. Porém, nem tudo é um mar de rosas. O Brasil é aquilo que se pode chamar de casa, a qual do lado de fora exibe imponência e relevância aos que veem, já por dentro aparenta aquilo que realmente é: um ambiente sujo e vergonhoso, onde esse país imponente não passa de uma colônia na mão de uma classe dirigente.

Tudo isso já vem desde os tempos coloniais, em que nossa autonomia era subjugada por uma metrópole “descobridora”. Pelos mesmos mares em que Cabral navegou, fugia Dom João. Um príncipe indeciso e medroso, que ficando em xeque entre as duas principais potências da época resolveu apelar, à sua galinha dos ovos de ouro, o Brasil. Fugindo as pressas, o rei adentrou em um mundo novo, onde todo o glamour da corte contrastava-se com o atraso de um país feudal. Sem dúvida a colônia Brasileira era refém nas mãos portuguesas, já que toda ação era inabilitada pela metrópole. As capitanias, apesar da distância eram forçadas pelos governadores gerais a terem a menor comunicação possível. Livros, jornais e outros materiais impressos eram proibidos, principalmente após a explosão dos ideais da Revolução Francesa e a Independência Americana. Nosso país tornava-se, então, um território atrasado que não possuía autonomia; assemelhando-se a um a um falso doente, o qual se julga dependente de um médico, quando na verdade o mesmo depende mais dele, para exercer a sua função, do que o inverso.

Hoje vivemos uma situação semelhante. Uma política em que uma elite manda e a população, apesar de ser a maioria, mostra-se submissa. O caso de desvios de verbas do mensalão, o crack, e o frequente cenário de morticínios, são a prova evidente de que algo vai mal. Foco na política porque essa é a unica chave capaz de reverter esse cenário, fornecendo assistência ao povo e o aparato necessário aos que precisam. Porém, nossos queridos governantes, parecem estar vendados para tudo isso, negligenciando na maior cara de pau, tudo aquilo de desordem e de bagunça que passa por de baixo de seus narizes.

Concluo assim, que voltamos à era colonial. Tempo em que o povo torna-se esquecido e a metrópole só se preocupa consigo mesmo; a qual extraí cada vez mais os impostos desta pobre população, sem nada proporcionar de reforma e melhoria a esse território. Fazendo-nos questionar: até que ponto vale essa imagem que tanto demonstramos internacionalmente? Esperemos, portanto, o novo Dom João, aquele que após sua chegada, deixará o embrião necessário para a mudança. Aquela que agora, diferente da independência que beneficiou apenas a elite, será a base para uma mudança interna dessa nação.

• Trecho destacado foi extraído da música Aquarela do Brasil

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 17/12/2012
Código do texto: T4040061
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.