Catarina Migliorini: Do leilão da virgindade à capa da Playboy

Catarina Migliorini: Do leilão da virgindade à capa da Playboy.

Jorge Linhaça

Catarina Migliorini, a catarinense que leiloou a virgindade na internet , pela bagatela de 780 mil dólares, parece disposta a continuar faturando alto com a fama alcançada com o episódio. A virginal moçoila, agora estampará a capa da Playboy de janeiro.

O episódio não é muito diferente , guardando-se as devidas proporções do de Geyse Arruda, que alavancou a fama ás custas de um escandaloso vestidinho usado na sala de aula da faculdade.

Não vou aqui fazer juízo dos dois casos específicos, cada cabeça tem sua sentença, no entanto fica cada vez mais claro que estamos na era do “vale-tudo” por quinze minutos de fama e uma quantia interessante na conta bancária.

Fico imaginando o que se passa na cabeça dessas jovens e é impossível para este escritor não fazer uma ligação ( ou link, como está na moda) com os massacrantes BBB’s da vida. Se perguntarem a uma dessas moçoilas se assistiam ou assistirão ao tal

“Reality Show”, que trouxe a baixaria explicita para dentro dos lares brasileiros, é quase que certo que a resposta será um sonoro sim.

Há quem defenda o tal Bial e seu apelativo show de espiadinhas, há quem diga que o BBB não é mais do que o escancarar da sociedade brasileira e seu comportamento.

Resta, no entanto, saber de qual parcela da sociedade estamos falando.

Não existe no BBB nenhuma intenção de privilegiar a inteligência ou a maturidade dos seus participantes. Quanto mais maduro e inteligente for o concorrente, tanto mais rápido será emparedado e alijado da competição. O que se vê no BBB é um desfile de corpos sarados, tanto masculinos quanto femininos, apelando para a sensualidade e a libido de cada integrante ou telespectador.

Nada mais natural, portanto, que aqueles menos preparados que não são incluídos no programa, busquem de uma ou outra maneira encontrar o seu pote de ouro no fim do arco-íris, custe o que custar.

Programas que estimulam a fama instantânea em detrimento do talento ou esforço pessoal, baseado apenas em estereótipos de beleza e sensualidade, prestam um desserviço à sociedade, desconstruindo valores morais e fazendo apologia à vulgaridade como forma de ascensão social.

A boa forma física não é mais apenas sinônimo de saúde e cuidados, passou a ser moeda corrente para alavancar uns trocados.

Em um país onde uma Bruna Surfistinha fatura alto com suas memórias de alcova e acaba virando filme enquanto escritores sérios não conseguem sequer publicar suas obras, é um país fadado à regressão cultural.

O mesmo corre em outras formas de “arte” como as “músicas” em que o sexo corre solto, seja de forma implícita ou explicitamente. Depois buscam-se explicações para a violência contra a mulher, a gravidez na adolescência, os altos índices de alcoolismo e consumo de drogas.

Ora, se a TV, que é o lazer dos menos favorecidos, massacra-nos diariamente com a apologia da promiscuidade e dos relacionamentos efêmeros, não se pode esperar senão que boa parcela da sociedade, inclusive dos ditos intelectuais, considerem absolutamente normal as “novas relações sociais” por mais nocivas que sejam para a formação de novas que hão de confundir liberdade com libertinagem e pagar o preço pelo descaso com que são tratados em nome dos que lucram com o atual estado de coisas.

Salvador, 24/12/2012