SABEDORIA CHINESA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Ultimamente quase só se fala na China como império econômico, ficando, de certa forma, eclipsada sua cultura milenar rica de sabedoria. Mas, na verdade, as origens da civilização chinesa remontam à Antiguidade. Enfim, hoje em dia parece que se fala menos no Celeste Império que no “made in China”. Uma pena! Pois, pensadores notáveis, como Lao-tse e Confúcio, sobressaem já no século VI a.C.
Em visita à China, o escritor José Saramago ganhou, como cortesia, um nome chinês: San Ku. Que quer dizer Três Amarguras: a primeira, amargura por ter de viver num mundo de crueldade; a segunda, amargura por não o poder mudar; a terceira, amargura por não ser o homem completo que gostaria de ser... Nome cheio de simbolismo, principalmente para o autor presenteado, na época então já na terceira idade.
San é um pictograma, portanto um ícone, também constituído por três traços horizontais que simbolizam a Terra, o Ser Humano e o Céu. A Terra é o elemento Yin, feminino; o Céu, o elemento Yang, masculino, e o Ser Humano, entre ambos, simultaneamente junção e divisão do masculino e do feminino.
Ku, por sua vez, significa amargura, dor, sofrimento, dificuldade, perturbação... E é composto de Kao, que quer dizer erva, e por Gu, que significa antigo, marcado pela idade, envelhecido. No Taoísmo e no Budismo Zen ou Chan, o caractere erva é usado como nome e também como símbolo do transitório, passageiro. Efêmero, ou que dura um só dia.
Num outro souvenir que José Saramago ganhou, em caracteres dourados, o enigma, em chinês, fica assim desvendado: “Quando nada tenho para fazer, sento-me aqui e medito”, tipo “atenção flutuante”, em linguagem freudiana, e “Contente, dedico-me ao estudo...” Para Saramago, e para quem gosta de ler, também nada mal.
Uma China com suas lições de sabedoria milenar. Já em Macau, Saramago conclui: tudo o mais (pessoas, serviços e instalações) foi útil de ver, instrutivo de ouvir e agradável de conversar.