A SORTE GRANDE

Joaquim Távora, 18 de abril de 2012.

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A SORTE GRANDE

Theo Padilha

Eu tive a felicidade de conviver com esse grande amigo. Passamos muitos anos juntos, jogando futebol, assistindo filmes e principalmente pescando. Domingos era um rapaz esquisito. Não saía de casa a não ser para pescar, pular carnaval ou jogar futebol. Coisas que gostava muito. Ele era um zagueirão. Formou alguns times famosos em Joaquim Távora. O mais famoso foi o Flamengo. Que quase foi campeão do município. Apesar de ser botafoguense e santista ele criou esse Flamengo. Tínhamos até uma sede que ajudei a cuidar. Os atletas se reuniam ali. Era servido café para os jogadores e visitantes. Seu pai era dono do prédio do cine Caiçara. E eles tinham um bar na parte de baixo. Depois ele formou o Ferroviário. Curioso é que na época nossa cidade não tinha lojas esportivas para vender uniformes. Então ele pagou uma costureira para fazer as camisas do seu Ferroviário. Essas camisas eram feitas de um brim que assava o pescoço dos jogadores. Mas era muito bonita. Era branca e preta. Ganhamos alguns torneios nas fazendas da região.

Domingos gostava muito de carnaval. E ele mesmo fazia suas fantasias. Ele era um grande pintor. Nunca deixou ver o seu rosto nos clubes que freqüentou no carnaval.

Alguns anos depois seu pai vendeu o bar e alugou o famoso Hotel Comercial. Era um dos melhores hotéis da cidade de Joaquim Távora.

Domingos agora era feliz, casou-se com uma menina nova, ele já era quarentão. E foram cuidar desse hotel. Ele a tia, o pai e a irmã. Eles tiveram ainda um casal de filhos.

Domingos gostava muito de jogar no bicho. E um dia acertou na Loteria Esportiva. O interessante que ele conferiu errado o bilhete pelo rádio. Rasgou o bilhete e jogou em cima do guarda roupa.

O dono da lotérica e o gerente da Caixa Econômica começaram a procurar pelo seu nome na cidade. Até que o encontraram no hotel. Ele lamentou ter rasgado o bilhete, mas o gerente juntou os pedaços e pagou a vultosa quantia de R$ 742 mil reais.

Domingos quase não sabia administrar aquele dinheiro e pediu auxílio para os irmãos bancários. Imediatamente começou a presentear todos. Deu um carro para a Tia. Deu muitos presentes caros. Comprou o prédio do hotel que era alugado. Estava muito feliz. Até que sua mulher começou a traí-lo. Com seus amigos. E não demorou muito ela pediu o divórcio, levando a metade da grana que já esta quase no fim.

Domingos acabou ficando apenas com o Hotel Comercial. Casou-se novamente e acabou saindo de nossa cidade. Depois de ter vendido o hotel. Não se sabe por onde ele anda. Oxalá ele esteja muito bem e que venha a ganhar novamente.

Joaquim Távora, 2 de janeiro de 2013. All the rights by Theo Padilha Comunications©.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 02/01/2013
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