A finitude do infinito

Me pediram que escrevesse uma crônica sobre a dificuldade de cobrir os jogos da Unisanta para o jornal da FaAC, já que é necessário perder aulas para isso e os professores em sua maioria não gostam muito da ideia de “aliviar” para o lado dos que participam. Mas eis que estou aqui me preparando para escrever e na televisão vejo o programa da Fátima Bernardes discutindo sobre amor entre pessoas de idade diferente. Como nossa mente é uma coisa engraçada, um pensamento levou ao outro e me lembrei de uma amiga que publicou recentemente (mais) uma definição de amor e isso me levou a outra memória de uma amiga com a tatuagem do infinito e suas definições do que é amor. Diante disso, com o perdão da palavra, f*-se os jogos e vamos falar de amor.

Ah o amor... esse sentimento tão discutido, perseguido, reprimido, mal-entendido e mal interpretado, antes uma meta das pessoas que se preocupavam e davam valor aos sentimentos, e hoje jogado na sarjeta do capitalismo, cristalizado em alianças muito maiores do que os corações de quem as usa.

Amor é sentir falta, amor é pensar sempre na pessoa, amor é querer alguém sem saber o porquê, amor é sentir borboletas no estomago, amor é isso, amor é aquilo, pensando bem não é nem aquilo e talvez nem isso, mas é amor... Mania que temos que de normatizar, padronizar, definir, mania essa da qual eu faço parte já que bem ou mal vou fazer o mesmo agora ao dar minha opinião sobre isso.

Enfim, minha opinião é que o amor não é nada disso que se pensa. O amor é simplesmente amor e ponto final. É algo sem padrão, sem forma, que existe além de qualquer definição pelo simples fato de que cada pessoa o interpreta de um jeito. E não é infinito, pelo menos não em termos de forma e não pode ser medido pela grossura de um pedaço de metal que se usa em um dos dedos.

E se o poeta (que era mais sábio que muitos de nós) já dizia “que seja eterno enquanto dure”, então porque ficar colocando o infinito em tudo que é lugar para representar relações que duram menos tempo do que se leva para fazer o desenho? Quantas pessoas já se apaixonaram infinitamente por alguém que eles juravam ser o amor de suas vidas? Honestamente, podem me chamar de cínico se quiserem, mas infelizmente o amor está morto no mundo, foi assassinado por um bando de jovens banalizados que pularam a fase de brincar com bonecas e cederam às urgências hormonais e pior, que tem coragem de dizer que amam alguém. Dá pra acreditar nisso? Uma criança, sim, CRIANÇA, que nem sabe o que é viver, vêm do alto dos seus 12 ou 17 anos dizer: Eu amo ele(a). É incapaz de se manter sozinho, é sustentado pelos pais, não da conta nem de trabalhar porque “cansa”, mas amar sabe, falar de amor com a certeza de um adulto sabe, mas como se nem sabe o que é ser adulto?

Pessoal, não me interpretem mal e nem pensem que eu sou uma pessoa amarga, por anos eu vivi sob o julgo de uma visão idealizada de amor que nada me deu além de decepção. Culpa do amor? Não não, culpa minha que vivi buscando algo que não existe e me ceguei para tudo o que havia de bom à minha volta.

Portanto pessoal, parem de viver uma ilusão, parem de jogar o amor no chão, ao nível das coisas estúpidas fabricadas pelas pessoas para suprir a carência cada vez maior que permeia o coração e o enche de um vazio que precisa ser preenchido com amores fugazes, mas que são infinitos é claro, afinal ele(a) é o amor da minha vida...

Mas no final das contas não tenho tanta raiva assim, espero de coração que um dia essa juventude envelheça um pouco mais e com a visão de mundo que só o tempo nos dá, aprendam que o amor é, no final das contas, uma coisa diferente para cada um.

Simples assim.