E o mundo não acabou

Final de ano, praia, passeio, caminhada, preparativos.
Final do dia, da tarde, da noite...
Tudo nessa época é urgente, tudo parece loucura!
As pessoas urgem pelo momento seguinte.
É a corrida para o consumismo da virada que vira qualquer um de ponta cabeça e arranca o nosso juízo até o último vintém...
Eu que sou humana sigo o pequeno ritual dos dias. 
Quero passear, namorar, andar de bicicleta, fazer compras... Ufa! 
E o tempo é curto para o meu querer desenfreado!
E eu? Me obrigo a cumprir tudo antes que seja o fim... Antes que eu retorne à labuta dos meus dias comuns.
Há uma disputa pelo precioso tempo - meu e dos outros... Que me desconcerta, me aflige, me tira o sorriso dos lábios!
É que a disputa pelo tempo coloca à mostra aquele comportamento egoísta, antes escondido  pelo ser humano - nem tão humano assim...
Aquele comportamento que o faz querer ser privilegiado pela sua suposta "esperteza"...
Alguns furam a fila: 
- Na balsa, no mercado, na padaria - Esses acham que só eles têm pressa para chegar logo no momento seguinte...
Hoje, véspera do Réveillon, fiquei numa fila de supermercado e não pude deixar de observar as pessoas indo e vindo com seus carrinhos de compras superlotados. O assunto das conversas era unânime: Ceia, queima de fogos, preferências gastronômicas, enfim... uma espécie de despedida "ensaiada".
Acabou o dia;
A noite;
Meia-noite no relógio:
- Fogos de artifício luziram o céu para renovação das nossas esperanças de um recomeço... Melhor? Quem sabe?
Agora, brindemos! 
Não acabou.
O mundo girou mais uma vez...