O escuro

Era uma vez um mundo escuro, habitado pelos sentimentos.Neste mundo os bons sentimentos não costumavam aparecer às ruas para brincar... correr, arriscar-se! Eles tinham medo do escuro que implacavelmente dominava o mundo. E assim, monótona e temível, era a rotina dos sentimentos bons como a auto-estima, a alegria, o prazer... não saíam por medo de tropeçar em alguma pedra, trombar em algum poste, encontrar algo que os pudesse ferir.

Neste mundo escuro não havia lutas, mas também não havia vitórias. Os sentimentos não lutavam nem contra seus próprios medos. Não tinham anseios, desejos, não faziam planos, a esperança vivia adormecida a um canto... O amor não aparecia porque o escuro o deixava frágil... a coragem não mais habitava ali... Mas tinha algo que, embora sutilmente, despertava a curiosidade dos sentimentos habitantes do “mundo escuro”: eles sabiam que em algum lugar não muito longe existia um outro mundo. Um mundo em que havia sol para iluminar o dia e a lua e suas estrelas para iluminarem a noite. Eles pensavam neste mundo tal como as crianças pensam no reino encantado e, como as crianças, achavam que este mundo era ilusório! Coitados... nem acreditavam mais! Talvez por medo.

O fato é que os sentimentos, não se fartavam deste medo e não tentavam mudar o escuro que os rodeava... O fim de suas vidas seriam os mesmos e todos sem realizações. Uma pena.

Agora, amigo(a) leitor(a), peço que não se espante com o mundo que acabo de lhe apresentar... pois ele não é ilusório. Ele pode estar dentro de nós... nós somos o escuro, todavia, com uma diferença: sabemos que o mundo iluminado pelo sol e pelas estrelas existe e, podemos viver nele, se quisermos!

Renata Lopes
Enviado por Renata Lopes em 09/03/2007
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