Eita!... Eita!

Estava eu, tomando cerveja no bar ao lado de casa, que é abaixo do nível da calçada. Então para entrar é preciso descer dois degraus. O primeiro bastante grande, o segundo mais suave. Há uma área, como se fosse uma varanda, onde ficam as mesas, paralelas à rua. Mas, todos acabam virando as cadeiras, encostando-as à parede e ficando de frente para a rua.

Foi nesta posição que presenciei a cena que vou lhes contar, motivo desta crônica. Vi duas crianças se aproximando. Uma menina e um menino. Ela maior, mas ambos: micros!!! Bem pequenos mesmo!!! Ela com trancinhas espetadas na cabeça. Ambos morenos! Ele de shortinho azul.

Chegaram próximos ao degrau, eu pensei, como farão pra descer. Mas, como já me acostumei com a incrível esperteza e excessiva liberdade das crianças daqui... Acalmei-me e resolvi aguardar, em alerta, se algo saísse errado, eu dispararia em socorro.

Ela desceu na frente, rapidinho. Toda segura de si. E, imediatamente se virou estendendo a mão pra o menino, que já estava sentado no degrau, escorregando para o próximo. Quando ele terminou de escorregar, levantou-se e aceitou a mão da irmã, já sem qualquer necessidade, e desceu o último degrau.

Tem que constar aqui que os dois eram/são de uma beleza afro-brasileira extraordinária. Rostos perfeitos. Traços mulatos, suavizados pela afeição baiana. Indiscutivelmente, lindos!

Amigos, quando lhes falo, que a vida não me dá trégua, esta é só uma amostra. Eu fiquei doido com a cena. Aquilo bateu tão espetacularmente forte em mim, que mesmo agora, quatro horas depois, ainda estou em estado de graça. Seguríssimo de que esta nossa história, a história da humanidade, ainda vai dar uma guinada cinematográfica.

A propósito, alguns minutos depois, o pai delas chegou e sentou à minha mesa. Até esta altura não sabia que ele era o pai. Comentei da delicadeza maravilhosa da menina para com o menino. Ele sorriu orgulhoso e disse que eram seus filhos. Fiquei mais emocionado ainda, e, abelhudo que sou, fiz questão de frisar a importância daquele comportamento. O que ele significa. O que ele representa. Em seguida, perguntei as idades. Pasmem: ela 3 anos 2 meses - ele 2 anos e um mês. Foram embora sozinhos, até o bar/restaurante ao lado, dos quais são herdeiros.

Vídeo indicado:

http://www.youtube.com/watch?v=K2dqYhkXHWk

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Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 05/01/2013
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