Sofrimento inevitável

O interfone toca. Eles já sabem quem entrará pela porta. Os primeiros dias sempre são difíceis, o choro é inevitável. O choro mais sofrido, qual será? Aquele dos filhos que ficarão aos cuidados de uma “estranha” ou aquele da mãe, pela dor de fazê-los sofrer. É assim que começa o dia de uma mulher-mãe que precisa, por ela e pela família, trabalhar. Depois de se despedir com beijos molhados pelas lágrimas, a mulher vai ao encontro de mais um dia de trabalho, mas somente ela sabe como se sente. Durante todo o dia, um tanto aflita, não se hesita em pegar o telefone, uma, duas ou quantas vezes julgar necessário para saber notícias. Talvez essa seja uma forma de se sentir menos culpada. Até que chega a tão desejada hora. Abrir a porta e ver novamente o sorriso no rosto de cada um dos filhos, os braços abertos pedindo colo, dar e ganhar os beijinhos tão desejados durante o dia. E as crianças, como agem diante de tudo. Ah! Elas logo se acostumam - porque tem que ser assim – com a “estranha” e em poucos dias, ao ouvirem o interfone tocar mais uma vez pela manhã, já recebem a babá de braços abertos esperando atenção, carinho e cuidados necessários para que possam crescer sendo felizes. A mãe sabe que apesar do sofrimento, ela conta com o auxílio daquela pessoa que se torna um pouco mãe de seus filhos. Sabe também que não pode parar totalmente sua vida por causa deles e sim saber caminhar lado a lado com eles.