Inteligência masculina

Refletia sobre a necessidade de andarem juntas, a inteligência e a lógica, ou a praticidade.

O profissional que construiu minha casa lembrou de detalhes, que haviam me escapado. Por exemplo, colocar um registro que fechasse a saída da água do reservatório, para as torneiras de dentro de casa. Falei a ele, que foi muito bem lembrado. Mas, o detalhe que tornou a providencial lembrança impraticável para mim, é que ele colocou o tal registro, lá em cima do telhado, na saída do reservatório.

Assim, se acontecer um vazamento dentro de casa, primeiro terei que chamar alguém que consiga subir no telhado, para fazer algo que teria que estar aqui, ao alcance da minha mão. E, ainda que houvesse alguém apto para subir no telhado, até encontrar uma escada, subir e encontrar o registro, minha casa estaria inundada.

E eu, atolada com as providências para minha mudança, preocupada com as contas que surgiam, além do previsto, só lembrei da inutilidade de um registro de urgência tão fora de mão, quando já estava instalada na minha nova morada.

Lembrei disso agora, ainda pensando sobre o que se escreve sobre nossas conquistas, sobre a irrelevância da existência de um representante do elemento masculino ao nosso lado.

O lugar que o construtor escolheu para colocar o registro parece sacanagem das boas, para demonstrar de modo irrefutável, da falta que faz um homem dentro de casa. Mas, conhecendo-o relativamente bem, sei que foi por irreflexão.

Se fosse tão inteligente, quanto à providência de colocar o tal registro, teria pensado no quanto seria fácil fechá-lo, se estivesse dentro de casa. Teria pensado na possibilidade de, num futuro, um congênere vir a morar nesta casa e faria tudo para facilitar-lhe a vida.

Enquanto não providencio a colocação de um registro em lugar mais prático, vou rezando para que as torneiras continuem funcionando dentro do esperado. Por via das dúvidas, também vou comprar uma escada suficientemente alta e guardá-la à mão, para qualquer eventualidade.

10/03/2007