SAUDADES DELA

SAUDADES DELA

Quando ela se foi,

Naquele fatídico amanhecer

Da véspera de carnaval,

Pensei em me mudar,

Sair desta região,

Pois tudo por aqui

Está muito impregnado dela...

A começar por este restaurante, por exemplo.

Aqui sempre vínhamos,

Alegremente,

Quase todas as noites,

Pois ela me acompanhava sempre

Nas viagens para lecionar

Na vizinha cidade de Adamantina

A partir de Tupã,

Onde moro há 15 anos.

Este restaurante,

Do posto próximo à entrada de Iacri,

Era nossa passagem obrigatória

Na volta de Adamantina.

Ela, sorridente e saudável,

Logo ia pegando sorvetes

- Que ela adorava! -

E eu, a seguir, também.

Depois, íamos para nossa mesa,

Esta onde estou agora,

Bem em frente à televisão,

Para jantarmos ou somente para nos empanturrarmos

De tanto comer sorvetes...

Era comum, também,

Depois de tudo,

Pedirmos nosso refrigerante preferido:

Duas cocas "light"!

Então, qual duas crianças,

Satisfeitas,

Após comerem sorvetes e refrigerantes,

Saíamos em nosso carro,

Que, à época,

Era feito só para nós,

Pois era um pequeno "Gol"

De duas portas...

Voltávamos, então, à estrada

E, felizes,

Estacionávamos em frente ao portão

De nossa casa,

Nossa "toca" querida,

Como a chamávamos.

Eu descia do carro,

Abria o portão de entrada para ela

Que entrava na casa e acendia as luzes

Da entrada lateral,

Ao lado do jardim,

Que fica em frene à casa,

Para que eu pudesse estacionar o carro ao fundo,

Na garagem,

Que dava para a cozinha.

Assim era nossa vida:

Cheia de viagens,

Repleta de Amor!

Nossa casa,

Nossa "toca" de amor,

Com seu jardim à frente,

Com muitas rosas

No fundo verdejante dos arbustos,

Era nosso lugar sagrado,

Onde vivíamos e éramos felizes!

Hoje, desolado,

Ao chegar sozinho ao jardim,

Olho as rosas e a vejo,

Como uma bela rosa

Que foi colhida por Deus!

Não resisto à tentação

E colho uma rosa

- Como costumava fazer -

Para dar a ela...

Entro em nossa casa vazia dela,

Tristonha e às escuras...

Vou acendendo todas as luzes

Até chegar em nosso quarto,

Que sempre fora

Nosso ninho de amor...

Olho seu travesseiro,

Com olhos marejados de lágrimas,

E nele coloco a flor

Que para ela colhí...

Onde ela estiver,

Sei que gostará

Deste meu gesto de amor,

E de saudade...

Restaurante do Posto Iacrí, SP, 05/03/2007.

Eleomar Ziglia LopesMachado
Enviado por Eleomar Ziglia LopesMachado em 11/03/2007
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