CHUVA QUE EU TANTO AMO

CHUVA QUE EU TANTO AMO

Há seis meses, depois de muitas idas e vindas, tiveram uma longa e amigável conversa.

Seriam apenas bons amigos. Pais que amavam seus filhos e precisavam ter uma boa convivência.

O amor dera lugar ao carinho e a amizade e, mesmo diante de momentos de sedução, cada um mantinha a postura combinada.

Ela estava em tratamento para curar a depressão e seus altos e baixos deixavam-no preocupado.

Resolveu visitá-la sem avisar.

- Como você está hoje? Dormiu bem?

-Confusa. Hoje , pela manhã, desejei ter vinte anos,sair de casa, conhecer novos lugares. Agora queria ser uma senhorinha bem idosa sem compromissos com nada,vivendo calmamente as lembranças. O sono anda fugindo mas falei com o médico e ele trocou a medicação. Segunda irei pegar a receita.

Ele viu o olhar triste dela, a voz embargada, sentou-se ao seu lado, ela deitou a cabeça em suas pernas e ficaram um longo momento em silêncio.

Ele sabia que a vida e a morte duelavam dentro dela.

Puxou levemente a cortina - chovia lá fora. Teve uma idéia.

- Vamos dar uma volta por aí? Quer ir ao cinema?

Com os olhos brilhando ela respondeu:

- Você não gosta da chuva e eu amo ouvir os pingos batendo na janela.

- Na volta você faz isso. A meteorologia previu chuva para todo o final de semana.

Dentro do carro e no cinema não chovem. Vá se trocar, eu espero .

Quarenta e cinco minutos depois estavam dentro do carro. Pegou o caminho da praia alegando estar fugindo de um possível engarrafamento.

Ela ia admirando a paisagem, as primeiras floradas banhadas pela chuva fina e gostosa.

Não percebeu quando ele parou o carro em frente a um quiosque - a sessão espera por uma água de coco,vamos?

Desceram do carro, tomaram a água de coco e, de repente, ela dirigiu-se à areia. Ele a observava com carinho e atenção.

Tirou as sandálias e deixou -se molhar pela chuva que se fizera intensa.

Seu vestido ficou colado ao corpo.

Lagrimas misturavam-se às águas vindas do céu.

Emocionado ele olhava- a. Ela voltara a ser a menina alegre por quem se apaixonara e casara.

Desceu até a praia sem se incomodar com a chuva e a abraçou.Um longo abraço. Beijou- a no rosto, cabelos e de mãos dadas se encaminharam para o carro de volta para casa.

Amo a chuva ( sempre peço a Deus que ela molhe somente os campos, os vidros das janelas e jamais cause destruição)

Por isso - minha primeira postagem de 2013 é sobre a chuva que eu tanto amo.

Maria Luzia Santos
Enviado por Maria Luzia Santos em 15/01/2013
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