O escritor

Um escritor de verdade tem sua casa entre a letra capitular e o ponto final. Já o falso escritor ou poeta apenas se ilude nos labirintos de sua própria personalidade. Seu talento pode ser curado por qualquer terapeuta. Semeia sua poesia revivendo amores fracassados. O poeta acaba quando o coração se cura. Mais Carlos Drummonds de Andrades recriam o amor até mesmo em corações estéreis. Quando o solo é desértico aí que ele se tornam grandes agricultors. Plantam palavrinhas e colhem uma lavoura invejada. O escritor se perfaz no ato de escrever. Encaixando cada vocábulo com intimidade. Chamando-o de filho. Um escritor se depura no fracasso. Torna-se calejado pelo ato de tentar encontrar o verbo que a Criação proferiu pela boca do primeiro homem que criou. O verbo que cria, refaz, transforma-se em coisa viva. Quando o escritor o encontra, domina-o pela emoção e fá-lo razão. Tornando-se, o escritor, ele mesmo, deus de um mundo unicamente seu, onde a realidade se expressa através da ilusão. Neste mundo, Carlos Drummonds de Andrades são eternos.

Sérgio Caldeira
Enviado por Sérgio Caldeira em 18/01/2013
Reeditado em 20/01/2013
Código do texto: T4092377
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