Lendo Veja


Apesar de fazer parte do Partido da Imprensa Golpista (PIG), como afirmam algumas pessoas, inclusive amigos queridos meus, a Revista Veja desta semana publica como matéria de capa e na contramão da Imprensa Internacional, 25 razões para o otimismo. Não cabe a mim aqui escrever sobre todas essas razões, afinal a Revista acaba de chegar às bancas e a graça em ler vai estar mesmo em comprá-la (e guardar, para conferir, como vou fazer com o meu exemplar).


Quando penso que em 1900 a expectativa de vida mal passava dos trinta anos, pensar que hoje ela quase chega aos oitenta é realmente um grande fator de otimismo e me enche de esperanças de ainda ver o Brasil como o país da hora e não mais o eterno gigante adormecido que aprendi a amar mesmo ainda antes de entrar na escola.Principalmente sabendo que a cada dia estamos tendo novas vitórias contra o câncer, o eterno bicho papão que ainda hoje muita gente se recusa a dizer o nome, como se deixar de falar sobre o assunto o afastasse de perto de nós. Uma das razões do desenvolvimento que leva à descoberta de novas curas para as doenças é o barateamento do seqüenciamento do DNA, hoje acessível por uns dois mil reais e que para mim seria a oportunidade de descobrir minhas origens, já que em minha família corre o papo que somos descendentes de alemães e índios. Uma mera curiosidade, mas não é a curiosidade que move o mundo?

Os carecas parecem que também terão novas chances para recuperar cabelos perdidos, as grandes cidades terão o ar mais respirável, o medo do aquecimento global vai diminuir, embora pelo calor que anda fazendo atualmente eu coloque o pé atrás em relação a esse motivo de otimismo.  Nas ruas circulará o carro elétrico, que não comprarei, porque o meu atual, o querido Mr. Green há de ser o último, já que dirigir não me encanta.

Segundo Veja, demograficamente estamos no ponto exato para dar um salto de desenvolvimento e a classe média se tornará um pilar da economia e isso em todas as áreas preconizando inclusive algo que resolverá meus problemas de direção para sempre – os óculos funcionarão com inúmeras funções e uma delas será o GPS. Assim poderei voltar tranquilamente a minha cidade natal, Arantina, com menos de três mil habitantes, e não me perderei a caminho do cemitério. A ressurreição dos bichos não me interessou muito porque não se trata da ressurreição de bichinhos mortos, mas sim de espécies desaparecidas.

Veja afirma que teremos um País mais inteligente com a volta de quinze mil talentos enviados para estudar em centro avançados do conhecimento fora do país e fico aqui pensando se nesse número está incluída a minha lindinha sobrinha Fabiana, porque na verdade ela não foi enviada, ela foi levada o que me leva supor que ela não deve nada aqui. O meu medo é que não queiram abrir mão dela por lá, já que até agora têm-se mostrado mais espertos do que nós.


Segundo o semanário, o Brasil entrou definitivamente no roteiro mundial das artes, a América Latina retomará o bom caminho, o mundo terá mais um pouco de paz, nossos estádios de futebol não darão vexame na Copa e será bem fácil entrar nos EUA.

Literalmente falando o Brasil vai entrar nos trilhos, os bandidos condenados e presos terão mais dificuldade para sair. O agronegócio chegará ao seu apogeu como fonte de entrada de dólares no país. E para o bem do mundo a economia dos EUA vai se recuperar, o Brasil vai voltar a crescer e vai voltar ao jogo do petróleo. E se tudo isso acontecer o PT continuará no Poder, o que não me incomoda nem um pouco, embora eu prefira o Lula-lá bem longe daqui. Tenho medo que ele consiga as Chaves do Poder para sempre e aí, adeus democracia e liberdade de imprensa verdadeiras.