Pequenos marginais

Há alguns dias algumas pessoas começaram uma campanha pelas redes sociais com o intuito de transformar a idade de 16 anos em idade penal perante a justiça, submissa as mesmas leis aplicadas aos maiores de idade.
Toda a iniciativa que vai de encontro com o objetivo de melhorar a nossa sociedade é bem vinda e importante, o que no meu ver não é o caso.
Estamos diante de uma população ignorante fazendo coro a uma minoria elitizada que tenta nos vender a ideia de que as coisas estão erradas apenas do lado de cá.
Se você vive no mesmo mundo que eu, sabe que a diminuição da idade penal para 16 anos não vai solucionar os problemas dos crimes cometidos por indivíduos com esta faixa etária. Poderia punir alguns, mas jamais solucionaria o problema.
Primeiro temos que levar em consideração que nossas cadeias estão lotadas, sem lugar para os criminosos maiores de 18, então não vejo como encontrar lugar para mais essa faixa de “criminosos.”
Só por isso eu já teria motivos suficientes para ser contra essa petulância da idiotice, mas quando noto que nosso sistema é um sistema falido, penso  que essa é muito mais do que ignorante, é pretensiosa de uma classe que não procura soluções para a sociedade de um modo geral, mas uma falsa sensação de contribuição para a sua classe.
O nosso sistema prisional não cumpre o objetivo de ressocializar e fica em um meio termo entre isso e punir, então partindo deste pressuposto não podemos trancafiar um jovem com 16 anos para cumprir uma pena que destruíra a sua vida.
Você pode pensar que sou um inocente, não sou, eu sei que muitas vezes nossos jovens cometem atrocidades tão ou mais terríveis que os adultos, sem contar que muitas vezes são usados pelos adultos para cometer crimes e destruir a nossa paz, mas também sei que ninguém nasce bandido, as pessoas viram bandidos ao longo de sua existência.
Não podemos exigir que nossos jovens se tornem algo melhor, se a única alternativa que damos a eles é a de se tornar bandidos. Pelo amor de Deus senhores, não sejamos mais idiotas do que já somos de pensar que as coisas estão certas, que punir jovens de 16 anos vai melhorar as coisas, porque simplesmente não vai.
Ao invés de pedir uma mudança na constituição para puni-los, façamos campanha para pedir educação, onde os meninos que hoje tem dez anos poderão daqui a seis, serem estudantes se preparando para o mundo real ou já profissionais formados.
Vamos dar alternativas para não destruir seus sonhos e depois culpá-los de serem o que nós os fizemos ser.
Ainda existe uma desgraçada desigualdade que cada vez mais esta acentuada em nossa sociedade. A lei que pune o rico é uma e a que pune o pobre é outra. O crime do rico é um e o do pobre é outro.
Imaginamos o seguinte cenário, se um filho de rico é preso por porte de arma e entorpecentes, o seu ciclo o defende achando uma razão para ele estar cometendo um delito, ou ele esta rebelde por causa de uma perda ou porque seus pais não lhe deram atenção. O pobre menino rico não passa de um incompreendido que esta em busca de seu caminho, a sua pena na grande maioria das vezes será uma visita uma vez por semana numa sala climatizada com um psicólogo e o problema esta resolvido.
Se um filho de pobre é preso pelo mesmo crime, com as mesmas leis, a sociedade o taxa de bandido, marginal, criminoso, um perigo para a existência humana e aquele mesmo pai que lá em cima compreendeu a rebeldia do filho, aqui julgará como senhor de si e partirá para a campanha de limpeza do mundo contra esses pequenos marginais.
São dois pesos e duas medidas de uma mesma sociedade hipócritas e de uma meia dúzia elitizada que se alto intitula intelectual achando que a solução para os problemas da sociedade é mudar a lei e não cumpri - lá.
Assalta-me a ideia da venda de uma sociedade que não há, onde os crimes de um são diferentes dos crimes de outro e assim os filhos de um são diferente dos filhos de outro, sendo que no final a única coisa que muda é marca das roupas que os filhos vestem.
Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 22/01/2013
Reeditado em 16/02/2013
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