O sono
O sono veio. Veio, chegou, num terreno donde não se pôde saber, até um aonde nunca antes visitado. Mas chegou. Uma palavra, única, não: não disse! Veio. Os lençóis tremularam numa brisa leve. O colchão fora moldando-se com o peso invisível, as cobertas se revirando todas. Firmou-se, no entanto. Veio, deitou-se. Veio e me levou tudo...tudo! Levou-me o corpo companheiro, levou-me o amor. Eu gritei, dei carinhos violentos, mas não, não adiantou. Sono pesado, sujo. Morte? Não sei. Espero a resposta chegar com a manhã. Espero, velando, armado com olhos tristes, talvez até um "nada de mais". Espero porém, sozinho.