Santa Maria

Impossível fazer gracinha, hoje. Minha mente não para. O coração está nocauteado, pela tragédia de Santa Maria. Muito, muito, muito, muito ruim. Por qualquer ângulo que você olhe: é feio. É cruelmente triste. Traumatizante!... Dependendo do momento da pessoa: paralisante! Tem mais, hein?! Sem atenuantes. Quanto mais você esmiúça, piora. Dói mais. Fere mais.

Como todos sabem, abomino sofrimento. Ainda mais quando ele vem assim: esnobando violência, com detalhes sórdidos. Os jovens que se foram, foram em circunstâncias terríveis. Minutos e minutos de desespero total. Aqueles em que a mente embota, a alma chocada, emudece... Quem pula à frente é o instinto de sobrevivência. Há também a tendência de seguir os outros, mesmo sem estar certo dos fatos. Muitos morreram no banheiro, por engano. Pensavam que se dirigiam à saída. Foram passagens traumáticas, sem sombra de dúvida.

A culpa pode ser tão fartamente distribuída, que nem vale a pena aqui, mencionar tudo que estava errado... Tudo que deu tão errado.

Os que ficaram... Esses estão com a pior parte da tragédia. As famílias, os amigos... Difícil dirigir-lhes alguma palavra, agora. Neste primeiro momento, que, em verdade, nem chegou ainda... Chegará após os funerais... Há que se respeitar a dor, que se manifestará, com certeza, com muita criatividade, como todos sabemos, em todos os envolvidos. Osso duro demais de se roer. É revoltante.

O seu filho sai pra se divertir em uma festa de Universidade, em um país cuja educação é uma vergonha, e termina assim... Sem aviso prévio! Sem direito a negociação... É o tal piano que cai na cabeça, quando se está tranquilo e distraído. Sei que alguns esotéricos têm explicações capengas pra um absurdo desses. Pra mim, não dá. Não aceito. Não acho que tinha que ser mesmo assim. Muito menos acho que aconteceu o melhor, do que poderia ter acontecido. Acho esse pensamento muito conformista, ou comodista.

Nossa falta de consciência é a grande responsável pelo desastre. No final da década de 70, época das discotecas, frequentava boates em Sampa e no Rio, cuja saída era uma só porta, normal. Quatrocentas pessoas, mais ou menos, dependendo do lugar. Nunca me passou pela cabeça, observar se havia saída de emergência. E, não tinham! Nenhuma delas. Então, é a tal falta de informação. É a falta de cumprimento das leis, ao invés de serem barganhadas com propina...

Infelizmente, precisamos sofrer um baque desses, pra começar a pensar em mudar. Em praticarmos alguma ética em nossos “empreendimentos”. Não, como digo sempre: não vale tudo por dinheiro! Detesto a economia burra! Aquela que traz este tipo de consequência.

Há outro problema grave, sério. A egrégora que está se formando sobre a cidade, alimentada por todo este sofrimento. Imaginem quatrocentos e cinquenta famílias foram atingidas, em algum grau. Esta energia tende a se juntar e a permanecer no local, enquanto estiver sendo alimentada.

O que podemos fazer? Tentar não chorar junto... Ao contrário, tentar mandar pra eles todo o carinho, todo o conforto que pudermos mandar. Sei que até pra nós está difícil, não chorar. Não tem problema. Assim que possível, quando tivermos condições, o que devemos fazer é mandar pra eles muuuuuuuuuito afeto. Pra que tentem suportar da melhor forma possível, o que lhes espera.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 27/01/2013
Código do texto: T4108389
Classificação de conteúdo: seguro