Armadilhas do destino.

O casamento não ia bem fazia tempos.

Nem brigavam mais, mas havia um clima de descontentamento pairando no ar.

Obrigações era cumpridas para não deixar cair a peteca de vez, mas dava pra sentir que a crise já durava mais tempo do que o habitual.

Nessas horas, sempre surgem ombros pra amparar, ajuda providencial para alimentar o ego, deixando a autoestima lá encima.

Moça bonita, ostentando seus vinte e poucos anos com a malícia safada que só essas moças têm.

O primeiro encontro foi casual, numa subida de elevador.

Troca de olhares e de cheiros, sorrisos na hora de descer. Nada mais.

Depois de duas semanas, o destino pregava outra peça neles, só que desta vez na descida do elevador.

Agora não queriam ficar só na troca de olhares, cheiros e sorrisos. Ao trocarem seus cartões estavam, por certo, começando a entrelaçar suas vidas, seus caminhos, seus prazeres, suas insatisfações.

O primeiro encontro foi num final de tarde, na pracinha.

Meio sem jeito, não sabiam bem por onde começar o papo.

Mas algo mexia com eles de um jeito que nunca haviam experimentado antes.

Parecia com aquela primeira paixão no final da infância, quando o coração desandava a galopar até perder todo controle.

Outros encontros foram acontecendo, restaurante, bar, motel.

Ou melhor, motéis. Muitos motéis.

Encontros regados à uma paixão resgatada do fundo das suas carnes, tendo evocados todos pecados que sempre quiseram se untar e nunca puderam.

Agora podiam se lambuzar deles.

Isso durou uns bons pares de anos.

Naquela sábado, ela lembrou que podiam ir à uma festa numa boate da rua dos Andradas.

Ele fez o que já fazia há tempos com muita habilidade: arrumou o álibi de que tinha que fazer novamente serviço extra, estavam com muito serviço atrasado, o patrão não perdoava mais nem as noites de sábado.

A mulher já desconfiava dessas desculpas esfarrapadas, mulher sente o cheiro da outra em cada respirar, cada olhar, cada andar.

Mas queria preservar o casamento custasse o que custasse.

Tinham os filhos ainda por criar, o que os amigos iriam pensar?

Foi tudo muito rápido.

O teto da boate era muito baixo e quando começou o fogo de artifício, atingindo o teto do palco em instantes, tudo aquilo virou um inferno só.

Desesperados, tentaram achar a saída, mas a porta mais próxima levava ao banheiro, que não tinha janelas.

A fumaça preta tomou conta de tudo.

Veio a tontura e tudo se apagou.

Quando chegaram os bombeiros, encontraram seus corpos entrelaçados.

Entrelaçados como estavam há muito tempo, entrelaçados agora para sempre.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 29/01/2013
Reeditado em 29/01/2013
Código do texto: T4111341
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