Ouvi falar que ele(a) é assim...

Existem algumas palavras que são prodigiosas em nos remeter aos seus significados, em particular, as ligadas às imagens das pessoas. Ao ouvi-las, quase que automaticamente encontramos no arquivo de memória uma ou mais pessoas que se enquadram. Na verdade esse link é mais um resultado de nossas impressões e não necessariamente uma realidade que venha a corresponder com pessoa para quem nós resgatamos a tal lembrança. É mais um jogo no qual nossa memória tenta “adivinhar” como é a pessoa sobre a qual formamos a imagem ao ouvir algum adjetivo que venha a caracterizá-la. Quantas vezes já ouvi alguém decepcionado ao ver alguém de quem se ouvia falar! Ou ainda surpreendido por ter subavaliado previamente outra a quem se subestimou a estampa ou a elegância no trato! Provavelmente as palavras que conduzem à formação de uma imagem sejam mais eficientes quanto for a dose de imaginação do ouvinte. Certamente mais induzidora do que até algumas primeiras impressões. Como se a gente não quisesse aceitar algo diferente do que havíamos imaginado, quase preferindo continuar com a imagem que formamos antes. Parece loucura, mas às vezes, pode dar certo trabalho engolir-se que nossas conjecturas foram uma fraude da imaginação. Uma interpretação precipitada das palavras que a ela se referira antes de se conhecer. O certo é que, em maior ou menor grau, todos têm um mundo virtual. Um programa de reconhecimento de dados prévios extraídos, sobretudo das palavras e carregados das impressões de quem as profere. Então juntamos nossas impressões e carimbamos o futuro próximo elemento que eventualmente conheceremos com a inexorável verdade até antão apenas conjecturada.