Redenção

Caminhou entre as árvores, era fim de outono, ainda havia muitas folhas no chão. Seu coração estava angustiado, a última vez que Fernanda se encontrou com Júlio foi difícil, um encontro que mais parecia despedida, ainda que nenhum dos dois pretendesse se despedir. O dia estava frio, mas a luz do sol entrava por entre as poucas folhas que restavam nas árvores. Ela estava bem agasalhada, mas o frio que sentia não era causado pelo tempo.

Olhou para relógio, estava atrasada. Apressou o passo e logo avistou o deck, lá estava ele. Eles já haviam falado várias vezes sobre o encontro em Porto Alegre, mas ali, no Parque da Redenção agora era real. Se desencontraram algumas vezes, certa vez ela decidiu esquecê-lo, percebeu que era inútil e resolveu lutar por ele, valia a pena. E agora estava caminhando apressada para o tão esperado encontro.

Quando estava se aproximando de Júlio ele se virou. De repente ela se viu tomada por uma torrente de sentimentos, odiou a si mesma por, um dia, ter renunciado a esse sentimento, odiou o acaso que foi mantê-los tão distantes.

Os olhares se cruzaram, se abraçaram, um abraço longo, um abraço de encontro, de reencontro. Se olharam novamente, as faces se aproximando devagar, um momento daqueles que ficam gravados na memória, os lábios se aproximaram e ela acordou.