O SORRISO DO MEU PAI
A emoção invadia o ambiente. O tema da palestra era Gratidão aos Pais. Quando o orientador pediu que trouxessemos a lembrança do pai, da figura paterna, ele sugeriu que lembrassemos e acalentássemos o sorriso de papai...
As lembranças guardadas na memória da menina de tres anos eram vagas. Resumiam-se às palavras carinhosas e enfáticas que a mãe usava, sempre que referia-se ao marido que partira para o mundo espiritual, consumido pela tuberculose, as cinquenta e oito anos de idade.
A imagem do pai estava ali no porta retrato do oratório, ao lado da mãe. Era um homem bonito, moreno com bigodes. Muito sério, naquela fotografia em preto e branco.
Muito sério. Sim séria era a expressão das pessoas daquela época, onde a mistura de educação e religiosidade decretava que alegria simbolizava extravagância.
Os homens de então, com suas camisas brancas, pareciam ostentar na postura sóbria a exigência de respeito.
Mas e o sorriso que o orientador pediu que fosse buscado? Busca-lo onde?
Esse vazio chocou a menina que desconhecendo o sorriso do pai, foi busca-lo no fundo do seu coração... porque agora ela também já aprendera a sorrir......
(Seminário do Triunfo Espiritual)
(janeiro de 2013)