FALANDO DE SAUDADE

Acabei de ler um e-mail sobre a saudade. De imediato fiz uma retrospectiva sobre as pessoas e as coisas das quais sinto saudades. Dizia o E-mail: sentir saudade é um determinante de que se está vivo. Senti-me de certo modo menos vivo, porque são poucas as coisas das quais, verdadeiramente tenho saudades.

Sinto uma profunda saudade dos meus avós e dos meus pais, que já se foram deste mundo. Tenho uma imensa saudade do tempo em que meus dois filhos eram crianças, das brincadeiras que fazíamos, mas estes, felizmente já cresceram, casaram e vivem suas vidas maravilhosamente e prazerosíssimas.

Você poderia perguntar-me – Você não teve infância? Eu lhe responderia – tive sim e, que infância. Brinquei e curti meus primeiros anos de vida como deve ser a vida de uma criança: sem atropelo e pressa, deixando que o tempo se encarreguace de marcar as suas diversas fases.

Lembro-me de tudo com muito carinho. Foi uma etapa que eu vivi. Brinquei com carrinhos de rolimãs, bicicletas de madeiras, fazendinha, com animais feitos de mangará de bananeira, construía meus próprios brinquedos da madeira de mulungu, corria ladeira a baixo arrastando qualquer coisa, um tronco, uma pedra amarrada, deixando para trás um canudo de poeira, que dava para enxergar de longe; atirava pedra com uma funda feita da fibra, retirada da madeira denominada jucá e assim foi toda a minha infância.

Tenho um grande zelo por todas as etapas vividas, mas não sinto saudades. Creio que preenchi adequadamente o meu ser, não restou vazios, para preencher com saudades que por certo estariam a transbordar no meu mundo adulto.

Entre muitas coisas escritas no e-mail sobre as lembranças da vida; falava da saudade das coisas que marcaram o caminhar, dos amigos que se foram, do primeiro amor, do segundo e dai por diante.

Saudade dos amores que passaram em minha vida eu não tenho, guardo zelosamente os momentos vividos, mesmo porque os amores não morrem jamais, transformam-se em lembranças preciosas, principalmente aqueles que foram bem lapidados durante o seu decorrer.

Não sinto necessidade de ter essas saudades, já que dentro em mim, a criança não morreu. Eu posso fazer o que me der na telha, lógico que não mais, com o ímpeto da época, mas é uma questão de adaptabilidade da vida ao momento vivido.

Lembro-me de tudo o que vivi percorrendo o caminho da vida, eu tenho especial cuidado no tratar dessas recordações, mas saudades, principalmente a doentia, não. Não mesmo.

Saudades? Eu diria que sim. Jamais com o exagero denotados em muitas pessoas que falam dos tempos idos.
                                 Rio, 31/01/2013
                               Feitosa dos Santos