Como conquistar a sogra

Amélia e Vicente frequentavam semanalmente os bailes do Salão Paroquial. Formavam um belo par para a dança e a amizade que crescia a cada dia com lastro na confiança, na sinceridade e no bem-querer. Gostavam de estar juntos e um dia resolveram-se declarar namorados. Continuaram frequentando os bailes, amiudaram os diálogos para que houvesse um maior conhecimento mútuo. Vicente já conhecia a família de Amélia e viu que chegava a hora de apresentar-lhe também a mãe. Sua preocupação, no entanto, esbarrava-se num porém. A mãe não era a favor de casamento e poderia fazer alguma desfeita à namorada.

Amélia estava também um pouco apreensiva pelo mesmo motivo, mas talentosa, comunicativa e exercendo uma profissão bem sucedida julgava-se a nora com quem toda sogra sonhava. Planejava uma postura que agradasse à futura sogra sem parecer pedante. De antemão sabia que Dona Vitalina era uma excelente mãe pelas ótimas qualidades que percebia no namorado. Decerto ela gostaria de ouvir que seu filho se mostrava gentil, educado, amoroso, sincero. Também facilitaria a convivência, sabendo que tinham em comum a mesma orientação religiosa. A primeira impressão é muitas vezes a que fica então almejava a aceitação de imediato. Seria educada, cordial, sem exagero, e sobretudo falaria menos e escutaria mais. O importante seria conquistar a amizade da sogra e demonstrar-se uma companheira e não uma usurpadora de seu filho ou uma competidora.

Amélia pensava bem para agir com adequação naquele processo de conquista que iria começar. Vicente também estava interessadíssimo neste processo e teve um “insigth” ideal para acabar com a ansiedade de Amélia. Sua mãe, uma excelente dona de casa, desdobrava-se em verdadeira artesã. Sempre a via nas horas vagas fazendo bem compenetrada o seu crochê que resultava em obras maravilhosas. Eram biquinhos em panos de prato, forro de mesa, colchas e até blusas para as filhas.

Amélia entendeu o recado e pesquisou com amigas as primeiras noções sobre o assunto. E guardava bem as explicações sobre os pontos básicos no crochê: ponto correntinha, ponto alto, ponto alto duplo, ponto alto triplo, ponto baixo, ponto baixíssimo... E vieram outras lições sobre os pontos segredo, rococó, caseado etc.

Pronto! Amélia estava preparada para encontrar-se com a futura sogra.

E foi um sucesso total! Dona Vitalina, vendo o interesse “sincero” da mocinha, buscou tudo de crochê que havia feito e a menina mostrava-se cada vez mais encantada com as belíssimas obras de arte. Mas nasceu ali um carinho que permeou toda a convivência entre Dona Vitalina e sua norinha Amélia.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 31/01/2013
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