A nossa estrela não brilha como gostaríamos

Nasci em uma cidadezinha do interior, com muitas belezas naturais, mas um grande peso nas costas era também, cidade natal de um digníssimo Presidente da República na ditadura militar. Lembro que a cidade parava e se enfeitava para recebê-lo. Nós, as crianças da época, parecíamos pudim de festa.

Neste cenário o medo nos dominava, falar de política, criticar governo era assunto proibido. Chegou a tão esperada anistia, logo depois a democracia. Mudei o brilho no olhar e acreditei em uma estrela, vesti-a literalmente. Lembro que minha filha bem pequena, já cantava: Brilha uma estrela.

Fomos à urna diversas vezes, até que nossa estrela brilhou. Oh! Tempo de glória, pena que na política brasileira sempre ouve e sempre haverá conchavos, costuras e remendos, para poder governar, nossa estrela entrou no ateliê e foi costurar também. Deste ato, sobrou mensalão, eu não sei de nada e outros rasgos na nossa estrela.

Bem nossa estrela está aqui, com um brilho menor do que sonhávamos, com uma representante mais forte, mais enérgica e culta. Quem pode falar ou ousar duvidar do seu letramento.

O que acontece é que o nosso povo está tão acostumado ao coronelismo, que não consegue vislumbrar outra realidade. Tenho um exemplo a dar, o qual me deu muito trabalho:

A professora de minha filha, uma colega que admiro muito, solicitou as famílias um personagem da cidade que tivesse se destacado no cenário nacional. Obviamente, citei vários, com exceção do nosso conterrâneo ex-presidente. Ela insistiu a ponto de eu chegar nele e seus desmandos, pobre criança foi cobrada, sabatinada, com a justificativa de que a mãe fazia seus trabalhos. Até que ela cantou refrões de músicas contra a ditadura e demonstrou conhecimento de causa. Mesmo assim, teve que ir ao Museu do dito cujo e redigir sobre ele.

Enquanto continuarmos com estes pensamentos coronelistas, vamos ver passar pelo cenário nacional muitos, Sérgios, Paulos, Antônios, Josés e Renans.

Talvez nossa estrela jamais recupere o seu brilho, mas quando deixarmos o coronelismo para pensar enquanto Nação, talvez brilhe uma muito maior, finalmente a grande estrela da democracia.

Maugarina
Enviado por Maugarina em 08/02/2013
Reeditado em 08/02/2013
Código do texto: T4129640
Classificação de conteúdo: seguro