Caça as bruxas

A "Divina Comédia" nem me apresentou o "Estúpido Cúpido" e já bati de frente com a "Caça as Bruxas". As "Luzes da Ribalta" sempre me acompanham nesta queda de braços com o cansaço, neste maravilhoso paraíso de espaços do mundo dos sonhos.

Logo fui banido e escapei das redes beira mar. Caí na mira do Lampião e este sotaque caipira sempre foi o meu crachá, pois em toda festa de que participo, ele chega primeiro. Se deixo escapar uma observação: "Ô trem bão" ou "que trem bunito", logo de cara sabem que eu sou mineiro.

Se eu esbarrar num porco, nunca saio desta lama. Se eu sonhar com a fama da calçada, acordo e estou deitado na cama. E neste palco eu já fantasiei de tudo e até parece que eu não nasci para participar da aldeia eletrônica. Este ator do picadeiro me mantém no tablado o tempo inteiro. A vida me deu uma peça com várias interpretações num único dia e o mistério me colocou duas linhas paralelas, uma em cada bolso.

De manhã sou amante latino e de noite sou marido romântico. Se uma mulher mostra a cabeça do bisão, você pode até mostrar um canhão e o dedo no gatilho, que eu nem fecho os olhos. Não alcancei chegar no tal de "halloween" e nunca encontrei as vassouras das bruxas. Se incorporo o "homem-cortiça", flutuando em minhas viagens, elas aparecem, furam o meu balão e me mostram o precipício. Se incorporo o "homem-chumbo", convoco o homem-aranha para me ensinar a escalar a montanha, mas ele não aparece, pois se encontra em Hollywood dirigindo seu próprio filme.

Homem algum é fracassado quando Deus é louvado, pois até uma múmia voltou a andar. Só vou acreditar em qualquer político ou fardado, quando assumirem diante daquela telinha que o que fizeram foi com a melhor das intenções, mas o que fizeram foi errado.

Este autor flui em minha cabeça noite e dia e as frases vão se formando com aquela magia. Minhas mãos não obedecem mais ao meu coração e a caneta não aceita mais sair de entre meus dedos com medo de ficar viúva.