A primeira advertência de Cristo, ao começar sua pregação, se referia ao tempo. “Completou-se o tempo”, dizia ele. Depois de realizar, por sua conta, diversos sinais, continuava insistindo na necessidade de “interpretar os sinais dos tempos”.
A expressão é muito cara a Bento XVI. Ele a usava com frequência.
     Ele mesmo foi um sinal de Deus. Com sua presença, com sua idade avançada, imprimia otimismo e transformava em sinais positivos os problemas que a realidade apresenta.
     Começou com a surpresa de sua eleição, na idade de 78 anos, e com a expectativa logo criada de um “papa de transição”.  

     Aconteceu o inesperado. O que se supunha ser um pontificado de transição, passou a ser o pontificado da transição.
     Agora, esperemos que não ocorra uma dispersão de apelos e o Conclave não ceda à inércia para enfrentar os problemas.
     Não são pequenas as resistências dentro da própria Igreja diante do projeto de renovação . No mundo, alguns problemas tomam forma dramática, como o aumento do número dos que abandonam a prática da fé cristã, situação vista como se fosse uma fatalidade diante da qual nos sentimos impotentes.
     São estes os nossos tempos. Mas Bento XVI ao apresentar sua renúncia nos incentiva a ver o lado positivo da realidade ajudando a perceber e superar os equívocos históricos. Ele a exemplo do seu padroeiro onomástico, São Bento de Núrsia, continua nos pedindo para interpretar com esperança os sinais dos tempos.
     De maneira especial, redobrar o compromisso de sustentar com firmeza a proposta de renovação eclesial
com sólidos fundamentos e com indicações práticas, indispensáveis para todos os que querem ser igreja e participar de sua vida e de sua missão.