TERÇA DE CARNAVAL

Carnaval não acaba quando termina.

Acordou ainda meio tonto, dormiu na varanda, trancaram a porta e bêbados apagaram-se todos, não o ouviram chamar.

Roupa suja, cheirando a todo tipo de bebida.

Levantou-se, e cambaleante tentou agitar a galera, vamos, hoje é terça-feira, vamos aproveitar até o final, descansar é na quarta-feira de cinzas.

E assim ele desceu a rua, para o último dia, lutando contra si, passos vacilantes, roupa surrada, banho, só na sexta passada... “na quarta feira tudo volta ao seu lugar”....!

Um som baixinho, ao longe, dirigia seus passos, TUM...TUM..., que ao se aproximar da avenida principal aumentava, TUMTUMTUM..., vozes um pouco mais fortes, ele se desfaz da camisa suja e monta uma nova fantasia, agora com ela amarrada à cabeça.

Identifica uma música, no som elétrico que batucou a noite inteira na sua cabeça, a bebedeira veio à tona, pegou outra bebida antes de pisar na avenida, início dos trabalhos.

O cansaço morreu quando ele pisou na avenida, os passos cambaleantes se tornaram gingados, ele tem que aproveitar as últimas horas, dança se despedindo da folia, os problemas ...”Só amanhã de manhã...”!

O dia já vem raiando meu bem, eu tenho que tentar ir embora.

É o dia que o Pierrôt perde a Colombina, o país perde a alegria por algumas horas, quarta-feira de cinzas está chegando.

Que o ano que vem a máscara negra cubra o rosto de sua amada novamente para longos beijos de carnaval. Mas, quem é aquela? Não sei, eu estava tonto demais.

Assim o folião desce a avenida, o bloco vai até o fim.

Ai...Ai...Ai....Ai... ! Está chegando a hora! Alguns de bandeira branca pedindo paz! E o amanhã quem sabe, será melhor ou será pior?

Outros vão beber até cair.... Me dá dinheiro aí, to liso! E a jardineira ficou triste, perdeu seu amor, por um amor de Carnaval.

A realidade bate à porta, a quarta-feira não coloca tudo em seu lugar, leva dias, meses, até vidas, para acabar o carnaval.

O Brasil se levanta, meio cambaleante, ressaqueado, e tenta trabalhar.

Finalmente, começa o ano.

Denilson Medeiros
Enviado por Denilson Medeiros em 13/02/2013
Reeditado em 08/02/2014
Código do texto: T4138736
Classificação de conteúdo: seguro