Férias no campo

Uma garoa fina batia nas janelas e gotejava no telhado do galpão de zinco provocando, por vezes, uma sonolência somando-se a uma nostalgia sem que se pudesse saber a razão para tal experiência...
A morada de campo, livre de balburdias dos agitos e zoeiras das cidades.
A noite o sono era reparável e tranquilo. A manhã dá indícios um dia ensolarado. Levantei para fotografar o nascer do sol, o que já é costume, pois sempre que posso registro o nascer e o por do sol. É um momento fantástico. Após o alimento matinal saímos para fotografar as seriemas sobreviventes nesse recanto. Em algumas vezes, pela manhã, as Seriemas são observadas passeando lentamente, em busca de alimento e em outros momentos elas sobem nos galhos de alguma árvore morta e ali começam um coral de “Quio, quio, quio...” que começa em Mi maior e logo vai baixando até recomeçar novamente e assim por um longo tempo e nos encantando. Bem cedinho aparecem as Saracuras que veem até a sede do Sítio em busca de frutos que caem dos pés e pães que são colocados por nós para ajudar na sua alimentação. As Saracuras aproximam-se muito desconfiadas. Qualquer movimento rápido as assustam e logo correm para a mata que fica logo abaixo da sede.
Cuidamos de alguns lagartos, cuja família já é numerosa. Também os Guaráxains nos visitam, de preferência a noite, andam buscando algo para saciar a fome. Muito raramente aparecem Esquilos e corujas.
Assim, nesses momentos em que curtimos a vida no campo, o mundo parece mais belo, mais autêntico, mais cheio de paz. Como fora, com certeza, a vida de nossos ancestrais e dos povos silvícolas incompreendidos e talvez por isso, dizimados da face da terra. Muitos seres humanos nunca fizeram e nem irão fazer essa experiência tão gratificante e encantadora. Pois nasceram, vivem e talvez viverão para sempre entre as muralhas das cidades.

Juraci da S Martins
Enviado por Juraci da S Martins em 16/02/2013
Reeditado em 17/04/2013
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