As Relações Pessoais às Avessas.

Hodiernamente o amor entre os interessados... Quero dizer, os “apaixonados”, desapareceu feito fumaça pelo ar. Para todos os lados que olho, vejo mulheres valorizando a etiqueta que ele veste, a bebida que ele bebe, o carro que dirige e a cafajestice do caráter. A preferência pelo enlatado, pelo fútil e pelo ridículo, como se a vida se resumisse a isto: a busca da satisfação do MEU prazer e a massagem ao MEU ego.

Os valores que hoje alimentam, moldam verdadeiras concubinas que se casam pelos bens ou vão atrás de homens casados, só pela diversão de desmantelar uma relação alheia, ao passo que os “homens” com h minúsculo, fazem por onde merecerem os clássicos adjetivos que lhes são atribuídos: cachorro, canalha, safado...

Hoje quantos falam de amor? Quantos falam de amizade? Qual o homem que observa e valoriza a delicadeza da silhueta do sorriso da mulher, ou a graça dos traços do rosto, a ondulação do cabelo, ou até mesmo a suavidade da voz? Conheço dois ou três...

E qual mulher quer saber que tipo de música ele gosta, quantos livros lê, como enxerga o mundo e interage com ele, ou se cumpre o que promete e pratica o que diz? Infelizmente estão em extinção.

Me dá desgosto em ver que virtudes como a verdade e fidelidade não marcam presença na personalidade da maioria, por isso essa sociedade mazelada cai na merda do individualismo: “ME Dê prazer, você é MEU objeto, lhe uso por usar”.

O que interessa são os atributos externos para a satisfação egoística e não as qualidades morais, éticas que tornam cada pessoa única. Por que beiramos tamanha perversão? A mídia incentiva esse padrão de relacionamento e as pessoas “curtem” seguir as “novas tendências”.

Eis aqui a moda que vemos como exemplo: mentir, fofocar, caluniar, trair, ser falso, utilizar-se de estratagemas para conseguir o que se almeja e “eticétera”. Quem pensa como eu, é taxado como: “brega, chato, piegas, antissocial, revoltado, maluco, ou até mesmo ‘atrasado’”.

Não vejo muita diferença daquela mulher que fala: “50 reais, três posições e uma chupadinha”, para aquela que vai pra cama com ele por causa do Camaro ou da Discovery, da suíte no Lemon e do Johnnie Blue, são maneiras diferentes de se pagar pelo sexo; Como também não vejo diferença daquele cuja pergunta faz: “quanto é?” para aquele que indaga: “quer dar... uma voltinha?”

Brincava o carnaval de Olinda um rapaz fantasiado de pescador, no anzol da vara havia uma chave de carro, uma nota de R$: 100,00 e uma “escritura de apartamento”, antenado ele não? E para crescer meus dissabores foi-se o tempo (ou quiçá este tempo nunca existiu) em que para se conquistar a dama, mais valia escrever um acróstico formando o nome dela, a gentileza dos atos, a sinceridade das palavras, a suavidade da serenata e o perfume das rosas ofertadas. Isso mesmo meus amigos, pessoas de cabeça pequena, deixemos que morra o languido amor verdadeiro entre os homens.

18/Fevereiro/2013.