CAIXINHA DE AMORES

Lendo sobre o amor e o medo de amar, e discorrendo sobre as dores dos homens modernos, cogita-se ali que isso ocorre porque as pessoas têm medo de amar. Por motivos vários este medo existe. E ainda, expressa que aqueles que amam são mais felizes e amam porque se doam em tempo, ouvidos, carinhos, palavras... Só porque o outro lhes é, se não mais que, igualmente importante como a si mesmos.

E desviaram-me a atenção do texto minhas lembranças... Ah, essa caixinha ora revestida de rendas, ora de madeira rústica e ainda outras vezes cheia de poeira ou coberta de pura seda e linho fino. E desta vez, estava lá a caixinha, multi-colorida, irisada, reluzente como o sol que me banhava naquele instante. A caixinha sapeca, pululando para ser aberta, enquanto eu fechava o livreto sobre o medo de amar.

Tem gente boa nesse mundo! Gente que sabe amar e não tem medo de amar, não teme o amor! Gente que ama de coração e não somente de corpo e palavras. Gente transparente que sorri com a alma, abraça-nos com os olhos e da mesma forma diz: “Vem, ama-me também!”.

E assim desfilaram para mim seus sorrisos e olhares, corações e pulsares, cheiros e jeitos dos quais minha caixinha de lembrança fica repleta, guardada pra de novo trazer alegria ao coração.

E bate forte o coração apertado que anseia pelo vôo renovado! Que nem a águia depois de seus cerca de cinco meses de retiro para, com novos bico, unhas e penas, lançar-se no abismo de nuvens e ar, pairando leve e soberana sobre os vales, montanhas...

Este mesmo coração que, também, no momento certo, acordará, levantar-se-á e, destemidamente, amará.

Sábias as palavras do sábio: “Conjuro-vos, ...não acordeis o amor, até que ele queira.” (Ct 8:4)