O julgamento de Gil Rugai

No Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, está acontecendo o julgamento de Gil Rugai, 29, acusado de tramar e assassinar o seu pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e a sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004, com vários disparos de arma de fogo.

Gil Rugai foi indiciado pela Polícia Civil como autor do crime. O Ministério Público aceitou o indiciamento e fez a denúncia. O réu chegou a ser preso por duas vezes, mas está respondendo pelo processo em liberdade, pois conforme a lei, ninguém pode ficar preso senão em flagrante de delito, ou por sentença condenatória depois de esgotado todos os recursos.

O julgamento de Gil Rugai foi adiado por duas vezes, devido os advogados da defesa alegarem irregularidades no processo, como falta de testemunhas e pericias incongruentes.

O réu em seu depoimento diz ser inocente. A Promotoria como lhe é cabido, pede a acusação do réu. A defesa alega falta de provas, e que a única testemunha não tem credibilidade, já que estava distante 83 metros e havia pouca visibilidade, devido ser noite.

A Arma do crime, uma pistola 380, foi encontrada um ano e meio após o crime num reservatório de água da chuva de um prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade, dentro de um saco plástico. Exame de balística confirma que as 09 capsulas encontradas junto ao corpo são da referida arma.

O ex-sócio de Gil afirma em depoimento que o mesmo tinha uma pistola idêntica a arma do crime guardada na gaveta, e que a mesma desaparecera após o crime. Gil diz ter feito curso de tiros, que nunca teve armas, mas que gostava de colecionar capsulas, inclusive da arma utilizada no crime. Gil diz ter um álibi para o dia do crime, pois estava na companhia de uma amiga.

Os advogados de defesa dizem que a arma do crime foi colocada no prédio que Gil tinha uma empresa, com o objetivo de incriminá-lo. Mas que na arma não há impressões digitais de Gil, assim como na cena do crime. Quanto a marca de um sapato deixado em uma porta arrombada na cena do crime constatar uma lesão do pé de Gil não é uma prova contundente, pois a lesão no pé de Gil não é comprovada.

A defesa através de rastreamento de ligações celulares apresentou uma inverdade de uma testemunha, de que Gil não estava no escritório de seu pai discutindo com o mesmo sobre negócios, mas que ambos estavam em um restaurante. A defesa ainda apresentou um novo suspeito, um ex-sócio do pai de Gil, com motivos para assassiná-lo, devido uma dívida cobrada no valor de 600 mil reais.

Pelo visto é um processo cheio de falhas, contestado pela defesa desde o início, em que o autor do crime é indefinido. Os promotores assim como os advogados da defesa têm a difícil missão de convencer os jurados a votarem pela condenação ou absolvida do réu. Os jurados não têm bola de cristal e nem são investigadores. O que pode acontecer é alguém ser absolvido por um crime que cometeu, ou ser condenado por um crime que não cometeu. A nossa Justiça às vezes falha, o que é lamentável.

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 22/02/2013
Reeditado em 22/02/2013
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