Liberdade

Até que ponto somos livres ou o quanto somos vítimas dessa utópica liberdade?

Minha casa tem muros (o que já é vergonhoso), nos muros cerca eletrificada e não Convolvuláceas. Minhas janelas têm grades e não flores. Tudo isso não impediu que minha filha de 16 anos fosse assaltada à porta de casa por um garoto de 14 anos portando um três oitão. Eu fui assaltado na rua às 15h00minh por um drogado de 17 anos. Outros três filhos e uma filha passaram pelo mesmo dissabor, mais de uma vez. Se a segurança é um direito do cidadão e um dever do Estado, pergunto: de qual estado?

Piauiense de alma, nascimento, coração e vida, há vinte anos residindo em Sergipe, sou um grandessíssimo filho de uma puta pátria, pútrida, fétida, violenta e desgovernada. Tenho no Congresso Federal gente da pior laia, calhordas, ceifadores da fé da gente brasileira. Nem todo poder emana do povo, pois não elegi ninguém para me roubar.

Certa vez uma Ministra da República explicitamente mandou o povo “gozar”, em pleno saguão de aeroporto, num ardente desrespeito. Na Granja do Torto tenho um inquilino muito mais torto ainda: mitômano, estressadinho e pornofónico. Incapaz no combate ao tráfico e similares, abriu a boca para dizer que o vírus da gripe do porco não entraria no país... Haja absurdo! Ainda foi digno de sapecar um SIFU na lata de todo mundo, sob aplausos de um monte de imbecilizados. E salve a liberdade de expressão!

Juizes ladrões não são mais os árbitros de futebol. Bons tempos! O impoluto judiciário apresenta chagas cancerosas nunca dantes imaginadas. Acreditar agora em quem?

Por outro lado, estou submetido a leis anacrônicas, imorais e ininteligíveis. A lei na sua gênesis e essência deveria proteger o cidadão, mas nem sempre isso acontece. Um parricida poderá nem ser condenado ou no máximo cumprir seis anos de pena. Aborto não dá cadeia a ninguém e tem defensores aos montes, mas quem matar um jacaré, papagaio ou tartaruga está é lascado! Isso porque se somos todos iguais perante a lei, “uns são mais iguais do que outros”. Como eu gostaria que você George Orwell estivesse errado. Aliás, bem disse quem disse: ”Se você soubesse como são feitas as lingüiças e as leis, não comeria umas nem obedeceria as outras”.

Na década de 40, meu pai andando à noite pelas ruas de Teresina, ao encontrar-se com um policial, dizia-se seguro. Bons tempos! Hoje não se sabe o que é pior: encontrar-se com bandidos ou dá de cara com a patrulha. Nos dois casos não corra, não reaja e reze. Um ex-policial confessou-me constrangido que: a diferença entre um bandido e um policial é que um tem “carteirinha”. Ah! Jonathan Swift, como eu gostaria que você estivesse errado ao dizer: “O soldado é um Yahoo assalariado para matar, a sangue-frio, quantos de sua espécie, que nunca lhe fizeram mal, lhe for possível”.

Meus filhos (também piauienses) entraram para a U.F.S. por méritos, vencendo aos concorrentes na ponta do lápis, mas meu neto, um “branquelo”, hoje com doze anos, terá que estudar dobrado, se quiser cursar uma universidade pública. No país das cotas, corre sérios riscos de perder a vaga para algum inapetente, incompetente de cor diferente. Tudo isso onde se diz que, discriminação racial é crime e que é o melhor lugar do mundo para se viver. Pois bem, já não aguento mais, parem o mundo se não eu pulo.

Um Piauiense Armengador de Versos
Enviado por Um Piauiense Armengador de Versos em 23/02/2013
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