O movimento

Ficamos nesta brincadeira e eu observava que na medida em que nos movimentávamos formávamos um rastro atrás de nós e que quando tocávamos no rastro do outro éramos repelidos, como se tivéssemos tocado o próprio corpo do outro corpo que circundávamos.

De repente, mais uma vez batemos uns nos outros e mais uma vez fomos jogados a uma longa distância. Mas eu já conhecia esta parte e já sabia o que iria acontecer. Era algo que se repetia e este algo já fazia parte do meu conhecimento. Movimentei-me rapidamente e busquei novamente pelos corpos. Desta vez nos encontramos espontaneamente, pois todos já tínhamos em nós aquilo que cada um tinha em si, fazíamos parte de uma mesma força e esta força se formava em poder. Encontramo-nos e percebemos que outros corpos se aproximavam atraídos pela nossa “brincadeira”.

Eu corria e via atrás de mim o rastro de energia que deixava. Comecei então a fazer um movimento diferente ao mesmo tempo em que circundava o centro formado por nós, eu fazia um movimento elíptico. Fazia este movimento no mesmo sentido, repetidamente e de repente eu vi que naquele movimento eu formava uma forma constante, que se solidificava durante um tempo e depois se dissolvia. No mesmo instante em que percebi isso, todos perceberam e todos começaram a fazer o mesmo movimento.

Aquele movimento formava uma forma circular holística e percebemos que outros e outros corpos se aproximavam para fazer parte do nosso movimento. Criamos um campo ao redor de nós e este campo se expandia cada vez mais. Do nada, milhões de outros corpos vinham fazer parte da nossa brincadeira. Agora, o conhecimento que tínhamos como corpo existia no corpo inteiro. Nós éramos parte de uma parte que se movimentava como um corpo só, em uma só consciência, pois a consciência de cada corpo já fazia parte da energia que circundava ao torno do todo que nos continha.

Criamos uma força até então desconhecida. Mas a nossa necessidade de movimento nos levava a desejar outros movimentos, por isso eu saí por instantes daquele contexto e me lancei no universo mais uma vez. Saí a uma velocidade altíssima e quando retornei percebi que o campo formado por mim ainda esta lá, como se eu nunca tivesse saído dali.

Imediatamente, todos os outros corpos começaram a fazer movimentos similares ao movimento que eu havia feito. E percebemos que quando repetíamos um movimento, formávamos uma forma diferente da nossa, mas que era parte da nossa vontade. Então, cada corpo que fazia parte daquela força, formava fora dela outro movimento, que fazia parte do todo, mas que era um prolongamento daquele centro, como se o próprio movimento fosse a forma e o poder que acontecia em todos os lugares ao mesmo tempo.