AMOR À PRIMEIRA VISTA

A festinha era de aniversário infantil, mas acho que a maioria dos presentes era mesmo de adultos!

A casa era da querida e velha amiga, Leínha e o aniversariante era seu filho Lucas "Marreco".

Adentramos o recinto (eu e a minha eterna acompanhante, Lee) e a algazarra das crianças logo nos envolveu, mesmo confinadas que estavam num dos quartos do apartamento.

Após os cumprimentos de praxe, misteriosamente um copo surgiu em minha mão (e cheio), de maneira que não tive opção se não sorver seu conteúdo de um louro resplandecente. Salgadinhos e muito mais cerveja se seguiram em rápida sucessão e minha mente, até então dividida, entrou em fase de observação e análise, fruto do vício do qual o cronista não consegue se livrar.

E lá estava ela,grandes olhos brejeiros, de um verde escandalosamente lindo e interrogativos, com uma espécie de turbante sobre os cabelos de um negro lustroso e um meio-sorriso que tinha algo de misterioso e insinuante. A pele, de um marrom acetinado, emitia o suave brilho do nobre mogno. Uma diáfana blusa vermelha de simples algodão, com generoso decote, cobria-lhe o torso emoldurando seus pequenos seios maliciosamente. Lábios carnudos e vermelhos sobre dentes de um branco opalescente arrematavam aquela bela figura.

Leitores e leitoras meus, acreditem que eu fiz força, muita força, para deixar de olhar para ela, mas, como um terrível imã, aqueles olhos atraiam os meus e, quando voltava a olhá-la, lá estavam eles me fitando e me fazendo pensar em loucuras...

Apelei para o meu bom-senso, a consciência me aconselhava ao equilíbrio, à volta à normalidade.

A minha companheira querida estava presente e, como diz a Bíblia, peca-se, também, por pensamentos e não só por obras, mas até a amável Leinha, quando me surpreendeu mirando a morena, estranhamente sorriu aquiescendo e dando força ao meu interesse e, então, perdi as estribeiras e, como dizia o Roberto Carlos, "mandei tudo o mais pro inferno".

Num incontrolável ímpeto, levantei-me de sopetão e caminhei resolutamente para onde se encontrava aquela deusa de ébano; abracei-a amorosamente e, com apaixonado ardor, sapequei-lhe um estalado beijo! Fui visto e fotografado, mas, para minha total estupefação, ninguém se escandalizou, nem houve reação negativa, nem por parte da Lee.

Com renovada ansiedade, apertei-a mais e cobri-lhe a face de molhados beijos, sob o olhar complacente e encorajador dos presentes...

Satisfeito, devolvi a querida mulata ao seu local na estante da sala, ocupando o lugar do ornamento mais querido da dona da casa.

Talvez seja exagero, mas me pareceu que ela, a mulata, tinha um olhar mais langoroso ainda e ensaiava um ligeiro rubor em sua face, mas continuava com o mesmo jeitinho maroto!

 

(não deixe de ler a colega Marina Alves)

 

paulo rego
Enviado por paulo rego em 28/02/2013
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