* _ Quebra essa pra mim, Edgar!
_ Carlos, assim eu chego atrasado na faculdade!
_ É só amanhã! Eu não posso perder essa entrevista de emprego, cara!
_ Por que Joana não vai?
_ Eu prometi a ela que cedo eu pegaria esse bendito exame. Você passa na clínica, eu faço a entrevista, depois pego o resultado na sua mão. Vai dar tudo certo! Cerca de dez da manhã estarei em casa dando o resultado do exame à minha doce esposa.
_ Por que você não revela a entrevista?
_ Ela vai dizer “Outra vez?”, não vou gostar, a gente acaba brigando.
 
* _ Isso que você está me pedindo é arriscado demais, Ana!
_ Eu sei, Fabi! Eu preciso ir à reunião do Pedrinho. Eu nunca compareço a nenhuma reunião dele na escolinha. Assim acham que eu sou uma mãe desnaturada!
_ Mas é perigoso assumir sua função na clínica, querida!
_ Vamos manter o otimismo! Você abre a clínica oito horas, atende as pessoas que aparecerem, eu chego duas horas depois no máximo.
_ Você pode perder o emprego, amiga!
_ Eu espero que dê tudo certo. Você topa?
 
* Fabiana, a Fabi, abriu a clínica apreensiva demais.
Trabalhar como secretária clandestina, apesar da boa causa, deixou a moça bem aflita.
Cinco minutos depois, entrou um rapaz que parecia ter saído de algum filme hollywoodiano.
_ Que deseja, senhor?
_ Eu vim pegar o resultado de um exame para um amigo, mas, além disso, vou querer seu telefone e só saio daqui com a certeza de que voltarei a te ver, minha princesa!
_ Você mal me conhece, vem com esse papo! Está pensando o quê?
_ Eu estou pensando que não deve existir uma jovem mais linda no planeta!
Fabi sorriu desconcertada.
Na verdade a emoção invadiu sua alma tanto quanto a do sedutor Edgar.
Ela não queria mais disfarçar nem parecer indiferente.
 
* _ Edgar, o que aconteceu? Passei na faculdade, você não apareceu, te liguei o dia inteiro, você não atendeu o celular. E o exame? Você pegou?
_ Desculpa, Carlos! Depois que conheci a atendente, que estava fazendo um favor para a verdadeira secretária, perdi a razão. Foi amor à primeira vista.
_ Amor à primeira vista? Que maluquice é essa, cara?
_ Sim, ficamos conversando até a amiga chegar. Depois eu desliguei o celular, resolvi não ir para a faculdade, fomos à praia dar uma volta, nós almoçamos, demos outra volta, nos beijamos uma vez, duas vezes, três vezes... Acho que apaguei o mundo!
_ Ta bom! Ta bom! Percebo que fiquei preocupado à toa! Você somente agiu como um grande Don Juan!
_ Espero não ter te prejudicado, mas confesso que o cupido me enfeitiçou.
_ Eu terminei contando a verdade para Joana. A entrevista foi legal, não será mais uma, não haverá espaço dessa vez para censuras ou ironias. Eu não estou chateado, precisava apenas saber o que aconteceu contigo. Amanhã eu pego o exame na sua mão.
_ Que bom! Posso te fazer uma pergunta?
_ Claro! O que é?
_ Quer ser o meu padrinho de casamento?
 
_ Fabizinha, muito obrigada! Valeu a ajuda! No final deu tudo certo!
_ Eu que te agradeço demais, Ana! Graças a você conheci o meu príncipe encantado.
_ Príncipe encantado, hein? Dessa vez não é outro namorico que começa animado, depois perde o brilho?
_ Não, querida! Dessa vez é um sentimento que veio pra ficar. Já falamos até em casamento, sabia?
_ Que afobação é essa, Fabi? Você mal conheceu o bonitão!
_ O amor nunca é apressado, Ana! A felicidade não pode esperar!
 
* Eu não sei se pareceu meloso ou exagerado, mas essa é exatamente a história que um casal de amigos me contou revelando como começaram a namorar.
Decidi dividir com os queridos recantistas.
Troquei os nomes, disfarcei alguns detalhes, no entanto a essência da história é totalmente verdadeira.
 
Ilmar, como esse romance seguiu?
Deu certo?
A enorme empolgação do começo permaneceu?
Eles realmente se casaram?
Carlos foi o padrinho e Ana a madrinha?
 
Antes de escrever o texto, estabeleci que não responderia a nenhuma dessas perguntas!
Tudo começou dessa forma.
Basta!
Eu proponho ficarmos apenas com a sugestão da poesia que, nesse caso, foi confirmada no denominado mundo objetivo, transformando uma simples entrega do resultado de um exame no ponto de partida para um lindo romance envolvendo duas pessoas as quais jamais deveriam estar ali naquela ocasião.
A arte e a realidade se abraçaram numa magia que impossibilita distinguir onde começa uma, onde termina a outra!
 
Prefiro, então, não arriscar estragar tanta beleza revelando informações desnecessárias e secundárias.
Espero que vocês compreendam!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 01/03/2013
Reeditado em 03/03/2013
Código do texto: T4165433
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