Carne de sol

Quero andar pelas ruas devagar e vagar por elas como se fossem tuas, como se fossem minhas, como se fossem um sonho; um sonho de viver o dia a dia, onde todos os dias fossem dias de sol...Quero andar pelas ruas devagar, a vagar, indo a vagar o pensamento, sem buscar no caminho um sentimento ou acordes musicais...Quero andar pelas ruas apressado, com o peito a pulsar descompassado, como se vivesse o pesadelo de ver-te a cada esquina.

Quero andar pelas ruas relembrando um momento feliz de não sei quando, num tempo que não consta da memória...Quero andar pelas ruas devagar e vagar por elas como se fossem tuas, como se fossem minhas, como se fossem um sonho; o sonho de viver um dia a dia, onde todos os dias fossem dias de sol.

Quero andar pelas ruas devagar e vagar por elas como se fossem minhas, como se fossem tuas, como se fossem sonhos; eternos, discretos, distraídos, frágeis como o pulsar de um pulso consumido, na esteira de espuma da prainha...

Quero andar pelas ruas solitário, sem te ver, sem pensar, sem ter horário, pra que a vida continue a ser um nada, pra que fique ainda mais triste a caminhada e as emoções perdidas!

Quero andar pelas ruas sem memória, a andar e andar, sem ter história, por não saber teu nome...Quero passar em todos os lugares, sem procurar conhecer ou encontrar, o nome que não sei. Quero andar pelas ruas calmamente, sem contar as passadas, sem presente, sem prestar atenção, indiferente a toda gente; sem notar se há sol ou tempestade, sem ter rosto sem ter alma, sem ter idade, calmamente, calmamente...

Quero andar a vagar em descompasso, como se o corpo quisesse a cada passo cruzar um semelhante...Quero contar meus passos aos milhares e passar em todos os lugares escrevendo teu nome!

Quero andar pelas ruas vagabundo, vendo em cada grão de areia uma semente a germinar o mundo! Quero andar pelas ruas calmamente, revisitando todos os parentes e comer carne de sol...