Parem o mundo, quero descer!

Por Gilrikardo

No perímetro urbano de nossa cidade a velocidade de trânsito vai dos trinta aos sessenta quilômetros horários. Na “hora do rush” é que o bicho pega e certas aberrações surgem. Digo isso em virtude do ocorrido comigo esta manhã, ao trafegar numa avenida com duas pistas sentido único, máximo de sessenta quilômetros horários, onde ultrapassar é impossível devido à quantidade de veículos e o fluxo contínuo. Assim, quase que automaticamente a velocidade é a mesma para todos. Pois bem, à minha frente um veículo dobra para a pista da direita sem dar sinal nem pisar no freio, num reflexo direciono-me para a esquerda e ao passar o veículo, MEUS DEUS, um casal de velhos atravessando, ela de muletas e sendo carregada pelo companheiro idoso, pisei no freio, virei o máximo para desviar, senti o carro deslizando e pela mão do destino, somente o espelho acertou o homem. UFA!!! Parei em cima da calçada e fui ao encontro do casal. Perguntei ao senhor se estava tudo bem. Respondeu-me que sim, mas a mulher dele sofria do coração, ao que repliquei que eles tiveram sorte e que ali não era lugar para atravessar a rua. No mesmo instante fui interpelado, me xingou e disse-me que eu estava em alta velocidade e que devia tê-lo visto dar sinal. Novamente tentei argumentar e fazer ele entender que naquela via, naquele horário, todos os carros andam mais ou menos perto de sessenta quilômetros, e quem vem atrás de dois ou mais veículos, nem sempre vai enxergar algo imprevisível na frente, por exemplo, dois idosos rastejando-se pela pista. Ainda assim, continuou dizendo que eu estava errado. Percebi que seria difícil convencê-lo, então tentei a última conversa e disse-lhe que se continuasse agindo daquela maneira, cedo ou tarde eles provocariam um acidente e quem seria atropelado seriam eles. Portanto, sem definir quem é certo ou errado, eu estarei dentro do meu carro e o senhor e a sua esposa estarão a pé. Quem o senhor acha que sairá machucado? Eu? Claro que não! É para isso que existem as leis e o tal código de trânsito. E aqui não é lugar para atravessar a rua, não é só erguer a mão e se meter na frente dos carros. Mais uma vez, meu senhor, disse-lhe com bastante ênfase, se continuares agindo desta maneira vais provocar um acidente, hoje não era o nosso dia, graças, até logo. E boa sorte.

Não sei quem inventou essa, as pessoas sem mais nem menos, erguem a mão e obrigam o fluxo de veículos parar. Pelo que fui instruído, esse tipo de ação só cabe em vias de uma mão, quando é certo que não virão veículos pelo lado. Mas ninguém respeita, e aí fica por conta do acaso. Se eu tivesse atropelado o casal de idosos, tenho certeza que iria ser tratado como um “bandido”, sujeito até a ser linchado, apesar de estar dentro dos limites determinados para aquela via. Parece que quanto mais vigilante e cônscio da problemática que envolve a mobilidade urbana, mais idiota me torno. Mais babaca me sinto. Tem certas coisas que não dá prá engolir ou que não dá para entender, essa falta de educação no trânsito é uma delas. Fui.