SER OU NÃO SER PAPA, EIS A QUESTÃO

Não Aceitei e justifico a coisa.

Qualquer homem batizado pode ser votado eventualmente fora do conclave, e em aceitando será o papa.

Dura e espinhosa missão!

A Igreja passa, no momento, por uma crise violenta, pior a de que passou com Jesus no barco de Pedro. Passa por uma crise não de fé, mas política, financeira e moral.

Ah! se igreja fosse gerida por anjos!

Jesus provocou aquela confusão toda, quase afundando o barco com Pedro e alguns apóstolos, por que queria ter certeza da fé de seus seguidores. Naquele momento, num barco fragilizado pela tormenta, eram homens de pouca fé, e se cagando de medo, gritando desesperados para Jesus:

- Acorda infeliz, que o barco está afundando!

E isto foi o suficiente para que Jesus acordasse e acalmasse a tempestade, mas bravo por acordá-lo, fala:

- Malditos homens de pouca fé que não me deixam dormir!

Hoje, a tempestade no barco de Pedro se configura violentamente pior do que a que passou no tempo de Jesus.

E os cardeais, se borrando de medo, gritam por socorro ao chefe lá dos altos.

E Jesus, já um tanto nervoso e de chicote na mão diz:

- Naquele tempo eu simulei a tempestade para medir e analisar o comportamento de vocês, mas as confusões de hoje eu não as autorizei, e não tenho nada com isto, portanto se virem. E completou o Mestre: - Não quero nem choro e nem vela, quero atitude e resultado de vocês.

E analisando o que Jesus falou, eu pensei:

- Será que Ele é incapaz de resolver os conflitos políticos, as mazelas financeiras e a pedofilia? E conclui: Não, Ele não é incapaz, mas se tiver que resolver com certeza será pelo método não ortodoxo, tal qual ele aplicou em seu tempo expulsando os vendilhões do templo.

E com certeza Jesus completaria dizendo aos cardeais:

- Se vocês foram capazes de fazerem a tamanha sujeira, com certeza terão aptidões e sabedoria para limpá-la.

E então, um pouco triste, esvaecendo em tênue vapor esbranquiçado, falaria ao conclave:

- Não entendo o por que da política, da corrupção ou pedofilia, mas digo a vocês, que a minha Igreja precisa praticar simplesmente o amor e a caridade.

E Jesus se foi deixando os cardeais escolhendo seu sucessor.

Bem, a coisa está complicada! Além da pedofilia que retirou diversos cardeais do pleito, temos neste conclave, os papaveis radicais que são contrários às mudanças. Temos, também, por outro lado, aqueles que são mais liberais, e que vão da aceitação do casamento de pessoas do mesmo sexo a ordenação de mulheres presbíteras.

E são estes os cardeais que estão governando a Igreja hoje.

A Igreja tem um patrimônio respeitável, mas o seu banco passou pelo comando de pessoas inescrupulosas, em escândalos políticos financeiros, e corrupções sem tamanho. Tudo isto com aporte inclusive da máfia afim de transferir dinheiro para os países fiscais.

Alguns discutem o nome de Igreja se ela deveria ser mesmo Católica; Se ela é católica não poderia ser simplesmente Romana. E por aí vai a encrenca que o novo Papa vai ter que enfrentar.

A igreja precisa de renovação, isto é certo.

Nem tão rapidamente ao inferno, e nem tão rapidamente ao céu, mas eu acho que as mudanças devem acontecer, com sabedoria, passando antes pelo purgatório.

Fui convocado, e ao mesmo tempo informado, de que para aceitar ser o Papa, deverei enfrentar esta tempestade toda com o apoio do chefe lá do alto apenas em questões de fé.

E para assumir o papado, teria que ser ordenado presbítero com o consentimento de minha esposa, e assim passaria a fazer parte do Colégio Apostólico ao ser nomeado bispo para então ter o direito a cadeira do Vaticano.

Eu seria sua santidade Mario I.

Não sei se teria o aval da Irene.

Mas quando me informaram que eu deveria, ao invés das cartas semanais, que escrevo ao meu querido pai, com conteúdo de desaprovação aos atos do maldito prefeito da cidade onde ele reside, tão somente passaria a escrever comportadas encíclicas. Que minhas crônicas, às vezes devassas, e irreverentes, passariam a ser bulas com conteúdos santificados. E que eu deveria isto, e não aquilo, mais isto, e menos aquilo. Tudo isto me deixou de cabelos em pé, e me vi completamente frustrado, perdido, em brigas homéricas com o chefe lá dos altos.

Criei coragem e mandei tudo à merda, e pedi humildemente perdão pela minha covardia por estar renunciando ao papado mesmo antes de ter sido eleito.

Mario dos Santos Lima
Enviado por Mario dos Santos Lima em 09/03/2013
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