A HORA CERTA PRA FALAR DO AMOR?
 
 
Dizem os mais experientes que na vida tudo tem seu tempo, sua hora certa. O momento certo de fazer determinada coisa, que nada deverá ser feito no momento errado! Mesmo ninguém podendo afirmar qual seria o momento certo de se fazer alguma coisa, mas ainda assim, todos repetem que tudo tem sua hora certa.
É no mínimo um paradoxo: se ninguém sabe qual seria a hora certa então como dizer que existe uma hora certa para tudo? Chega-se a conclusão que a tão dita hora exata seria aquela hora que o ato deu certo, que tudo colaborou para que desse certo. O momento que o universo disse sim. Complementando, conclui-se que somente após o resultado poderemos afirmar que a hora foi certa, que o momento era de fato aquele que a coisa foi realizada.
Se podemos afirmar somente após o resultado que a hora certa foi aquela em que se tomou a decisão e fez a coisa, então não existe a hora certa, mas apenas uma certeza, que se não fizermos a coisa jamais saberemos se era a hora certa ou não.
Já publiquei o pensamento de um falecido amigo Coronel de Exército que dizia que sempre se devia fazer sem medo de errar, que melhor é tentar do que deixar passar o momento, o que eu sempre concordei.
Certa vez, conheci um casal que cresceram juntos, foram adolescentes, adultos e sempre se admiraram, e mantinham um respeito e admiração mútuo, mas nunca declinaram um ao outro. Foram pra faculdade e lá conheceram pessoas distintas, casaram-se e foram infelizes por um bom tempo, isso mesmo, um ficou casado por 8 anos e a outra por 9 anos, bem parecidos até no tempo de infelicidade. Encontraram-se numa festa de natal, numa reunião de velhos amigos, a partir daquele dia retomaram o contato e em pouco mais de seis meses estavam juntos, são felizes até hoje, e sempre que os encontro faço a pergunta: se deviam ter esperado todo aquele tempo ou foram medrosos em tomar a decisão certa? Eles sorriem e repetem a máxima da maioria: foi no momento certo, na hora certa.
O ser humano, sempre tenderá a justificar seus atos em outra coisa, por exemplo: se ele acerta poderá dizer que foi Deus que assim determinou, se deu errado foi o Satanás que atrapalhou tudo, mas nunca ele assumirá seu acerto ou erro, será mais conveniente para se viver em sociedade justificar seus atos em algo que não pode ser visto ou tocado. O casal de amigos poderia apenas dizer que foram medrosos em tomar a decisão de pelo menos falar um ao outro da sua real admiração, do seu respeito, que mal teria? Nenhum, e tal gesto poderia sim ter-lhes salvado de muito sofrimento e dor dos relacionamentos fracassados.
Ouvir uma declaração de alguém que está apaixonada por você e tomar um susto e não saber o que responder levando a pessoa declarante, a recuar e pensar que foi precipitada em falar o que sentia, o ouvinte deve, imediatamente corrigir-se. E não digo que deva falar por falar que também está apaixonado, mas tentar desfazer o pensamento de precipitação da outra, pois correrá o risco de perder um companheiro com o qual poderia viver muitos momentos felizes.
Conheço um caso bem parecido, a moça disse que estava querendo urgente conhecer pessoalmente aquele que ela apenas conhecia pela internet, que talvez, estivesse apaixonada. O rapaz, assustado, titubeou em responder e quase perdeu a oportunidade de também dizer que estava apaixonado, que sentia algo diferente, que vive um momento especial, que também não vê a hora de conhecê-la pessoalmente, que ao encontrá-la poderá olhar em seus olhos e afirmar com todas as letras o que verdadeiramente sente por ela. Sorte dele que teve tempo para corrigir o mal entendido, porque se assim não fosse, poderia viver para o resto da sua vida com a dúvida do erro ou acerto.
Por tudo isso, posso até errar, mas não serei “covarde” em afirmar que a hora certa para dizer que se ama ou está apaixonado é a hora que você tiver a primeira oportunidade de dizer, mas diga com vontade, sem medo de errar, sem culpa de ser precipitado, porque somente o tempo, o senhor da verdade, vai dizer se era a hora certa. Melhor arriscar e ser feliz, do que calar e ser infeliz, esperando a “hora certa” que poderá nunca chegar.