'' PELAS RUAS DA GRANDE CIDADE ''

Em Campinas existe uma loja tradicional na venda de meias finas,meias de todos os tipos e minhas avós já compravam meias por lá, depois minha mãe que me levava pela mão e me ensinou o gosto e o bom gosto de comprar naquela pequena mas linda loja.

Dias destes, um calorão danado, ameaçando chuva braba, eram quase duas horas da tarde e eu estacionando meu carro no estacionamento mais perto possível do centro congestionado da cidade,

é uma luta achar vaga naquela grande cidade, deixei meu carro e fui seguindo a pé a varios lugares e deixei para ir por último a linda loja de meias, demoro por lá, tenho amiga que trabalha lá e tambem demoro na escolha e fico vendo as novidades, eles vendem roupas intimas, camisolas lindas e eu fico louca na escolha.

E no caminho de ida aos vários locais e na volta por outras ruas até chegar na loja de meias, que seria meu final e depois pegar meu carro e voltar para minha cidade, fui contando pelo caminho homens caidos pelos cantos,um, dois, tres, quatro, pelas calçadas, cinco, seis, bêbados, cheirando a urina e fezes, sete, oito, homens jovens, alguns na meia idade,nove, dez, alguns até pareciam mortos coberto com folhas de jornais, outros com cobertores daqueles bem fininhos mas fiquei imaginando com aquele calorão, e o cheiro que fica no nariz da gente depois que passamos é terrivel, contei uns dez e depois parei de contar...era demais, mas eu não havia visto nenhuma mulher...engraçado!!! pensei, por que será que eu nunca vi mulher nesta situação e virei a esquina da loja de meias.

Cortou meu coração esta virada que dei, pois dei de cara com um senhora já bem velha, mão estendida pedindo esmolas...parei e encarei, fiquei ali parada olhando...que judiação!!!

Deveria estar nos seus sessenta e tanto ou mais, era pequena e bem magrinha, descalça e ali sentadinha no chão em uma parede encostada, usava um vestido bem velho e sujo, um lenço que um dia foi branco, talvez , e que agora era pardo encardido, não tinha dentes nenhum na boca e sua voz mal saia da garganta ao pedir...

"" Uma esmola pelo amor de Deus ""

Foi demais para mim, não aguentei, me lembrei de minhas avós, até parecia uma delas, a italiana era assim, pequena, baixinha, miudinha e falava baixinho, nunca gritava ou levantava a voz e eu me abaixei , sorri para ela, ela não entendeu nada e ficou de mão estendida esperando por uma ,simples que fosse, moeda...lhe dei todas que tinha e mais uma nota, ela agradeceu e ficou olhando todo aquele tesouro...coitadinha!!! guardou rápida e rasteira em um bolso interno do vestido e desviou o olhar do meu e ficou na sua ladainha de novo...uma esmola pelo amor de Deus....me levantei e fui na loja de meias, comprei o que necessitava e sai rápida, precisava de ar puro e ao sair vi a senhora se levantando e um casal jovem ao lado dela e ela passando o dinheiro para o rapaz que rápido e rasteiro enfiou no bolso, o casal se afastou e a senhora de novo no chão sentou e tudo de novo começou...uma esmola pelo amor de Deus...

Coitado de Deus...coitada da senhora...coitada de mim, coitado de todos nos seres humanos, onde estamos? onde iremos parar?, espero que não seja pelas ruas, principalmente pelas ruas das grandes cidades...que pena!!! que pena que a vida é agora tão diferente de antigamente...hoje em dia vale o ditado...sai da frente que atras vem gente e gente apressada atropelando tudo pela frente...que pena!!

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AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 15/03/2013
Código do texto: T4189425
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