Os Homens e as Máquinas

Não nos encontramos com o Zé da Roça, pois ele não conseguiu votação suficiente aqui na terra para eleger-se santo ainda em vida. Não tendo acesso à escola e à tecnologia, foi massacrado pelas massas populares e pelos tratores com painéis digitais.

Quando você cruzar com o Zé da Roça nem irá perceber aquele ser humano com chapéu atolado até as orelhas, montado em seu cavalo que, já cansado, anda em passos lentos. O olhar de Zé da Roça não consegue nem alcançar o próximo horizonte, pois até seu antigo sonho de plantar seu próprio pedaço de terra foi para o brejo e ele mal consegue o feijão de cada dia para os seus oito filhos. “Adoecer, nem pensar. Minha Amélia não consegue sobreviver e de fome meus filhos irão morrer”, reflete em seus pensamentos, Zé da Roça já cansado da lida existencial com a atual sobrevivência. À noite ele se deita e dorme de um lado só, nem tem tempo de se lembrar da dívida vencida da compra do último fim de semana na venda do Chico Pedra. A exaustão consumiu o sonho de seus filhos de algum dia conhecer Brasília.

moraesvirada
Enviado por moraesvirada em 20/03/2007
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