A TURQUIA É LOGO ALI
 
     Não demorava e a noite chegaria. O sol no seu esplendor humildemente encaminhava-se para o ocaso onde repousaria até a nova aurora.
     A lua já se manifestava com toda sua majestade prateada, ansiosa que estava por imperar na noite. O dia esteve quente e abafado. Ora o sol aparecia, ora parecia que iria chover. A chuva é o choro do tempo que lava a terra e limpa a vida.
     Hoje o dia foi quente, abafado e cansativo. Mal podia esperar chegar em casa e relaxar, tomar um banho refrescante, abrir uma coca-cola gelada e espreguiçar comodamente na poltrona da sala.

     Chegando, enfim respirei aliviado. Após um banho e um lanche, finalmente me acomodei no meu canto preferido com o controle do televisor na mão. Senti uma brisa suave que entrou pela janela, percorreu o quarto, saiu pela porta do quarto e foi para a sala. Tive uma incrível sensação de paz indescritível enquanto me deleitava com o vento soprando suavemente meu corpo. Como é bom sentir no corpo o toque do vento, esse sopro Divino!
    A carícia do vento de fim de tarde e o cansaço do dia uniram-se em cumplicidade para logo me entregar a uma revigorante soneca. Entregue totalmente ao sono não percebi que anoitecera. Quando finalmente despertei e olhei para a televisão vi São Jorge montado no seu possante garanhão a sobrepujar algumas edificações com sua lança em punho. Estava começando a novela.
  Como todo latino reluto em admitir que sou noveleiro, porém não nego que algo me prende a atenção nos folhetins diários, e uma coisa que me deixa impressionado é a distância tão pequena que existe entre as localidades nas novelas. 
  Não sabia que a Turquia era tão perto, mais tão perto que mais parece ser mais perto que ir daqui para São Paulo. Num mesmo capítulo as pessoas estão no Rio de Janeiro e logo aparecem em Istambul ou na Capadócia. E o preço das passagens são certamente irrisórios, a julgar pela quantidade de idas e vindas dos personagens da novela.
    Outra coisa que eu juro que não sabia é que na Turquia se fala português correta e fluentemente, tanto que as pessoas que saem do Brasil para lá e vice-versa estabelecem diálogos de maneira impecável num português explícito e sem ranhuras. Outra coisa que chama a atenção é o sotaque carioca e as gírias de alguns personagens que nem se preocupa em disfarçar, apesar de paramentado com indumentárias turcas.
    E entre “gulê-gulês”, “berabás” e outras gírias turcas infiltradas na trama para mistificar o idioma turco aportuguesado da novela que fico na expectativa de que Helô finalmente ceda para Stênio, que Lívia, Wanda/Adalgisa/Marta e Russo tenham o fim que merecem e que Théo finamente reencontre Morena, forme uma família e sejam felizes para sempre, que vou acompanhando a novela até o fim do capítulo. Quando acaba, desligo o televisor porque recuso-me a acompanhar o BBB que considero algo deplorável com aquelas futilidades apresentadas. Levanto-me e vou escovar os dentes, indo finalmente para a cama, afinal amanhã é outro dia.    

 

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Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 20/03/2013
Reeditado em 20/03/2013
Código do texto: T4199652
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