Ela está viva

“Vinte dias passaram desde que ela foi embora, vinte dias eu esperei por um Oi”.

Hoje deu notícias, se desculpou, me falou da doença da mãe, disse que tinha saudades de mim, e que queria voltar ao Rio de Janeiro. Eu fiquei sem saber muito bem o que dizer, tive o cuidado de pesar as palavras para não melindrá-la, como uma boa canceriana se emociona facilmente, se irrita ainda mais fácil. Não posso confrontá-la com posições opostas que ela se agarra á sua verdade com unhas e dentes, capaz de criar uma tempestade num copo de água.

Sendo assim, e evitando maremotos e terremotos, levo-a pelo lado doce e terno... e acabo por ter êxito: ela se acalma, “se agarra ao meu braço direito”, e me olha com aqueles olhos esbugalhados como se quisesse me dizer algo mais... não diz por falta de conhecimento da nossa língua. Eu não falo por que a distância é traiçoeira. Uma palavra enviada daqui pode feri-la de morte. O melhor a fazer é me despedir, sem grandes delongas lhe sussurro no ouvido que me importo com ela, mas o faço de um jeito meio frio, calculista, e algo desligado. Não quero criar ilusões, mas também não quero assassinar os seus sonhos...; são lindos, capazes de se apegar aos meus durante uma dança russa.

Jvcsilva
Enviado por Jvcsilva em 22/03/2013
Código do texto: T4202853
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