Como o próprio nome diz,  meu artigo fala das minhas raízes, fala das canções que eu ouvia a minha mãe cantarolando pela cozinha enquanto preparava o almoço para os seus oito filhos.
Aquilo era uma festa só, uma casa grande, cheia de gente num vai e vem, pra lá e prá cá, todos amparados pela mãe querida e pelo pai amoroso, mas cada um com o seu destino.
No fim da tarde, meu pai ligava a radiola, como era chamada, e tome música de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Marinêz e Sua Gente, Jackson do Pandeiro, Zito Borborema, Zé Gonzaga, Noca do Acordeom, Pedro Sertanejo, Zeniltom e outros que no momento não lembro mais.
Músicas que ficaram gravadas para sempre nas minhas lembranças e no meu coração.
Não é minha intenção escrever ou descrever a história de um povo, ou muito menos falar de folclore ou de tradições e etc e tal.
Mesmo porque não sou boa nisto.
Deixo estas considerações para aqueles que se especializaram no assunto, que por sinal admiro muito.
Cresci ouvindo forró, música nordestina, e das boas e acredito que meu pai era o fã número um do forró.
Ele, a sua radiola e sua pilha de discos, bem guardados no guarda roupa pra ninguém mexer, ou pedir emprestado, porque já sabe: “se vai, não volta”.
Cresci ouvindo minha mãe cantarolando: as músicas de Luiz Gonzaga e aprendi desde cedo a admirar esse homem que sabia cantar o sentimento das pessoas.
E eu na minha inocência, me perguntava porque nas festas que eu tinha a oportunidade de comparecer não ouvia cantor nenhum cantar um único forró que seja.
Eu perguntava isto pra meu pai e pra minha mãe e eles respondiam conforme o seu entendimento:
“não cantam de bestas que são”
E assim fui crescendo e fui entendendo:
“o preconceito que existia a respeito da música que eu admirava tanto” e sinceramente eu não sabia o por que.
Lembro-me da primeira vez, que ouvi a triste partida de Luiz Gonzaga e do quanto eu e minha mãe nos emocionamos com aquela história.
Não conseguia entender, como uma música que fala tão alto no coração da gente, capaz também de arrancar de dentro do peito a tristeza, podia ser tão discriminada.
E eu pensava: “se existe coisa no mundo que também nasceu pra sofrer, esta coisa também é a música nordestina” E falo com conhecimento de causa: já mocinha, frequentando o clube da cidade eu só ouvia mesmo era: twist, rock.
Forró mesmo nunca ouvi, porque não era chique.
E cá, aqui entre eu e meus botões, dava razão a meu pai.
Imagino o quanto esse povo sofreu e penou na batalha pela música nordestina, tão merecidamente, hoje faz parte da nossa história.
 

Emedelu
Enviado por Emedelu em 26/03/2013
Código do texto: T4209246
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